O governo está a trabalhar “há uns meses” com os diversos parceiros no sentido de tentar centralizar os direitos das transmissões televisivas no futebol após 2027, assumiu hoje o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo.
“Portugal é um caso quase excecional na Europa quando não tem a venda de direitos de forma centralizada. Isso vai contribuir para melhoras no futebol”, considerou o governante, em entrevista à Antena 1.
Para se financiar, a generalidade dos clubes tem antecipado estas receitas, devidas somente em anos futuros, sendo que, nas circunstâncias atuais, o limite desses compromissos está fixado em 2027, altura após a qual o executivo quer intervir, em “consenso generalizado” com todos os parceiros.
“O grupo de trabalho foi constituído para que haja legislação que permita fazer isso no futuro. O trabalho já estava praticamente conclusões finais” antes da covid-19, revelou.
O governante assumiu que a ideia é “não obrigar a essa centralização” antes de 2027, numa atitude de “respeitar os contratos”, contudo admitiu que seria “desejável” que tal acontecesse antes.
“Esse era o pensamento até há dois meses e não vejo que tenha de mudar radicalmente, embora estes momentos de incerteza possam mudar coisas pensadas até há pouco tempo”, acrescentou.
João Paulo Rebelo negou que os clubes de futebol tenham pedido alguma linha especial de financiamento para combater os efeitos económicos da pandemia, recordando que, ao invés, foi ideia do governo tratar a modalidade como os demais setores da sociedade.
“Houve sim comentários ao facto de os clubes terem dificuldade em aceder às linhas de crédito que foram criadas a relutância da banca para que estas mesmas linhas de crédito possam ser acessíveis aos clubes. Isso foi dito e tentou-se perceber o porquê de acontecer”, revelou.
Admitiu que a banca tem “regras” específicas, destacando, por exemplo, o facto de que instituições que tenham feito “reestruturação da divida” estarem impedidas de aceder a este tipo de crédito por um período de 24 meses.
Entendendo que “o futebol é a coisa mais importante das menos importantes”, o governante concordou com o presidente da FPF, Fernando Gomes, que disse que o futuro da modalidade “não está garantido”.
“O país consegue viver sem futebol e muitas outras coisas, mas não é desejável. É um desporto muito popular, atrai milhares e milhares de pessoas à sua prática e apaixona milhões e até contribui para o animo coletivo para o país. (...) Mas esta pandemia colocou muitas coisas em causa, mexeu no nosso quotidiano”, concluiu.
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