Se há jogo que nenhum jogador gosta de perder, é este FC Porto-Benfica. O clássico dos clássicos do futebol português conhece o seu 246.º capítulo esta sexta-feira às 21h00 de Portugal continental, encontro da 14.ª jornada da I Liga. Com o campeonato quase a terminar a sua primeira volta, nenhum dos dois conjuntos  quer perder (31 pontos cada), sob pena de poderem ficarem a sete pontos do líder Sporting (34 pontos), que recebe o Rio Ave às 18h30.

Pelo momento das duas equipas, o FC Porto assume um ligeiro favoritismo mas estes jogos não se costumam medir muito pelas fases de cada formação. Os clássicos são sempre jogos imprevisíveis e nenhum é igual ao outro. Estas duas formações já se defrontaram no mês passado em dezembro, quando os de Sérgio Conceição levaram a melhor sobre os de Jorge Jesus por 2-0, na Supertaça de Portugal.

Este é o 17.º duelo entre os amigos Sérgio Conceição e Jorge Jesus. O técnico dos 'encarnados' orientou o treinador do FC Porto quando este era jogador do Felgueiras, na Primeira Liga. No embate entre ambos como técnicos, Jorge Jesus tem um balanço globalmente positivo nos confrontos com Sérgio Conceição, mas o treinador da equipa de futebol do FC Porto domina os embates caseiros e também prevalece face ao técnico do Benfica nos embates entre ‘grandes’.

Na Supertaça em Aveiro, o técnico portista ‘escreveu’ o quinto triunfo face ao benfiquista, que soma sete vitórias no confronto direto. Conceição perde em termos globais, mas está por cima desde que chegou ao comando do FC Porto, pois já se tinha superiorizado na época 2017/18, quando Jesus liderava o Sporting. Nos cinco jogos dessa época, Sérgio Conceição impôs-se em dois e somou mais dois empates, perdendo apenas um, que lhe custou a presença na final da Taça de Portugal.

No que respeita aos totais frente ao clube que vão defrontar, Jesus soma 11 vitórias, 11 empates e 25 derrotas (48-74), em 47 jogos com o FC Porto, e Conceição contabiliza oito triunfos, duas igualdades e nove desaires (19-23), em 19 duelos com o Benfica.

Momento das duas equipas: Dragão embalado, Águia de altos e baixos

O FC Porto chega a este clássico numa boa sequência em todas as provas e podem fazer história se conseguirem bater os ‘encarnados’. Caso isso suceda, será o quinto triunfo consecutivo frente ao Benfica, algo que nenhuma das formações alcançou no ‘clássico’, em quase 90 anos de história.

Os ‘dragões’ atravessam a melhor fase da época, com 10 vitórias consecutivas, todas com um mínimo de dois golos marcados, e 15 nos últimos 16 jogos, sendo exceção, pelo meio, um empate a zero na receção ao ‘poderoso’ Manchester City. Os comandados de Sérgio Conceição têm aliado os resultados a exibições competentes, mostrando-se um conjunto muito pragmático e fiável, e que ganhou muito ofensivamente com a incorporação no ‘onze’ de iraniano Taremi, ao lado de Marega.

Nacional vs FC Porto
FC Porto festeja golo frente ao Nacional créditos: HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Quanto ao Benfica, apenas somou um desaire nos derradeiros 13 jogos, precisamente face aos ‘dragões’ (0-2 na Supertaça, em Aveiro, em 23 de dezembro de 2020), mas cedeu quatro empates, com Rangers, Standard Liège, Vitória de Guimarães e Santa Clara. No plano exibicional, os ‘encarnados’ andam muito longe do que Jorge Jesus prometeu na pré-temporada, quando regressou, e do que a equipa mostrou de início, após falhar a ‘Champions’ - chegou a ter mais cinco pontos do que os ‘dragões’ no campeonato.

Cumpridas 13 rondas, as duas equipas, que repartiram equitativamente os últimos 10 títulos e foram as únicas campeãs em 18 anos – 11 dos portistas e sete dos ‘encarnados’ -, seguem a quatro pontos do Sporting e podem entrar em jogo a sete.

O FC Porto chega a este jogo com um maior desgaste, depois de ter batido o Nacional na terça-feira por 4-2, após prolongamento, na Taça de Portugal, na Madeira. O Benfica fez descansar vários titulares na goleada por 4-0 sobre o Estrela da Amadora, também dos oitavos de final da Taça de Portugal.

Histórico: FC Porto com mais triunfos, mais vitórias em casa e à beira de recorde

Este será o 246.º encontro entre FC Porto e Benfica, com os ‘dragões’ a contabilizarem 97 triunfos, a escassos três da centena, contra apenas 88 das ‘águias’, num duelo que ostenta ainda 60 empates e vantagem ‘encarnada’ nos golos (382 contra 355).

No que respeita apenas ao campeonato, o FC Porto também domina, com 68 vitórias, contra 57 dos ‘encarnados’, mais 47 empates. Nos 172 encontros, o Benfica só lidera no que respeita a golos, com mais 14 (267 contra 253).

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No seu terreno, manda o FC Porto. Os Dragões venceram quase 60% dos jogos em casa com o Benfica para a I Liga portuguesa de futebol, mas o equilíbrio pautou os últimos seis encontros, com duas vitórias para cada lado e duas igualdades. Desde 2014/15, o equilíbrio ‘manda’, sendo que, no Dragão, que sucedeu às Antas em 2004/05, o Benfica pontuou em metade das ocasiões (oito – três vitórias e cinco empates), com o FC Porto a somar oito triunfos, incluído o ‘famoso’ 2-1 de Kelvin, em 2012/13.

O histórico é, porem,  favorável aos portistas, que ganharam 51 das 86 receções ao Benfica para o campeonato, contra 21 empates e 14 triunfos das ‘águias’, e somam mais 67 golos marcados (167 contra 100).

Os ‘encarnados’ só ganharam quatro vezes em 38 anos, merecendo destaque, neste período, as 10 vitórias seguidas do FC Porto, entre 1994/95 e 2003/2004, seis das quais por dois ou mais golos de diferença. O brasileiro Mário Jardel foi o jogador em maior destaque, ao marcar por cinco vezes.

Se vencer, o FC Porto poderá chegar ao quinto triunfo consecutivo frente ao Benfica, algo que nenhuma das duas formações alcançou no ‘clássico’, em quase 90 anos de história. Desde o primeiro encontro, no longínquo dia 28 de junho de 1931 (3-0 para o Benfica, na final do Campeonato de Portugal), o recorde de qualquer dos clubes é de quatro triunfos, conseguidos quatro vezes pelos ‘dragões’ e um pelas ‘águias’.

O que dizem os treinadores: em clássico não há favoritos

Na antevisão do encontro, Jorge Jesus frisou que a qualidade individual poderá ter um peso decisivo no desfecho final do encontro.

Estrela da Amadora vs Benfica
Jogadores do Benfica celebram. créditos: ANTONIO COTRIM/LUSA

"Aquilo que pode fazer a diferença são algumas jogadas individuais de ambas as equipas, porque têm jogadores que podem criar espaço, que, coletivamente, as equipas não conseguem. E, desse ponto de vista, espero que os jogadores do Benfica, individualmente, possam ser criativos para fazer essa diferença, que eu acredito que eles têm capacidade para fazer", analisou o técnico, no Seixal.

Jorge Jesus recordou que que "um clássico é um clássico" e, por isso, "não tem muito a ver com os momentos das equipas que se vão defrontar".

"O importante, para mim, é que o Benfica faça um bom jogo e possa sair do [Estádio do] Dragão com uma vitória, porque é esse o nosso pensamento e a consciência que temos do que podermos fazer", assumiu.

Em caso de vitória do Sporting frente ao Rio Ave (18g30), ambas as equipas terão de recuperar de um atraso de sete pontos para o líder do campeonato. Jesus admitiu que "é preferível estar a dois ou três pontos do que a cinco ou seis" da liderança, mas lembrou que a questão "pode ser colocada ao contrário", ou seja, "o Sporting perder", e que mesmo uma distância mais alargada do que a atual (quatro pontos) é recuperável, até porque os rivais de Lisboa ainda não se defrontaram nesta época.

Aquilo que pode fazer a diferença são algumas jogadas individuais de ambas as equipas

Já Sérgio Conceição desafiou a sua equipa comprovar o "bom momento" ante o Benfica, na 14.ª ronda da I Liga.

"O melhor momento da época e a margem de crescimento vamos ver amanhã [sexta-feira]. Porque se não ganhamos, deixa de ser um bom momento. A hegemonia é o próximo jogo. Se não ganharmos o jogo, temos aqui umas pistolas e umas fisgas apontadas. Isto faz parte do que é o futebol. É como na vida: resultados", referiu Sérgio Conceição, recusando-se qualquer tipo de favoritismo. O técnico salientou o maior desgaste do FC Porto face ao Benfica, tendo em conta o último jogo, da Taça de Portugal, em que se impôs no estádio da Madeira ante o Nacional por 4-2, após prolongamento.

"Tivemos uma viagem, jogámos 123 minutos, chegámos de madrugada… Não podemos não ir a jogo por causa dessas situações. É o que é. Do ‘onze’ do adversário de [sexta-feira], nenhum teve muitos minutos. Estão há sete dias sem competir. É natural que haja uma diferença. Nem quero, sinceramente, utilizar esse facto como justificação. Somos uma equipa de topo. Mas não vou dizer que não queria ter uma semana limpa para preparar o jogo. O prolongamento não devia ter acontecido, devíamos ter feito quatro, cinco golos", frisou.

A estatística dá vantagem ao FC Porto mas, segundo o treinador, é algo que não entra nas contas da preparação para o ‘clássico':

"Na preparação não entra nada disso. A preparação do jogo serve para perceber como é que o Benfica vai jogar, o que fizemos na Supertaça de bem e de menos bem, o que mudou no decorrer do jogo, o que aconteceu depois desse jogo, o que eles fizeram depois com Santa Clara, Portimonense e Tondela, o que pode ser amanhã [sexta-feira] a equipa do Benfica, se joga com Pizzi junto do Darwin, Waldschmidt junto do Darwin”.

FC Porto-Benfica: Equipas prováveis

Sérgio Conceição ainda não sabe se poderá ter Otávio para este encontro. O médio fez dois testes para COVID-19 esta quarta-feira e teve um inconclusivo e outro negativo, pelo é uma incógnita a sua utilização. O FC Porto já passou por um processo semelhante com Pepe na derrota 3-2 com o Paços de Ferreira. O central testou inconclusivo e depois negativo para a COVID-19 mas, por precaução, ficou fora dos eleitos.

O FC Porto não poderá contar com Manafá, Francisco Meixedo e Carraça para este jogo com o Benfica. Este trio, juntamente com Fábio Vieira, testou positivo para a COVID-19 antes do jogo com o Famalicão, da 13.ª ronda. Destes, apenas Fábio Vieira poderá entrar nos eleitos de Sérgio Conceição para o clássico desta sexta-feira. Cláudio Ramos, um dos que testou positivo, já cumpriu isolamento e está e volta aos eleitos, pelo que poderá ser convocado como terceiro guarda-redes.

Do ‘onze’ [habitual] do Benfica, nenhum teve muitos minutos [na Taça], estão há sete dias sem competir. É natural que haja uma diferença.

No Benfica, Gabriel e Cervi já poderão ir a jogo, uma vez que estão recuperados de COVID-19. André Almeida, lesionado, também está fora do clássico.

As ideias dos treinadores não devem andar longe das apresentadas na Supertaça há menos de um mês. Ambas em 4-4-2, havendo depois a dúvida sobre os elementos que entram em jogo.

FC Porto: Marchesín; Nanu, Pepe, Diogo Leite (ou Mbemba) e Zaidu; Sérgio Oliveira Uribe, Otávio (ou Luís Díaz), Corona; Marega e Taremi.

Onze do Benfica: Vlachodimos; Gilberto, Otamendi, Verthongen e Grimaldo; Taarabt, Weigl, Pizzi e Everton; Darwin Nuñez e Luca Waldschmidt (ou Seferovic).

O clássico entre FC Porto e Benfica está agendado para às 21h00 desta sexta-feira no Dragão e terá arbitragem de Luís Godinho.

Como sempre, pode acompanhar todas as emoções deste escaldante encontro no SAPO Desporto, com fotos e vídeos dos principais lances.