Que tipo de relacionamento Jesus prefere ter com os jogadores? O técnico explicou que dá primazia a exigência nos treinos e nos jogos.
"Não sou um treinador muito paizão. Eu sou um treinador. Tenho uma forma de trabalhar muito exigente. E uma forma de comunicar que eles entendem perfeitamente. Quando estou a exigir, eles sabem que é para o bem deles. O meu maior orgulho é ouvir jogadores dizerem que sou diferente, que cresceram comigo, que aprenderam comigo. Isso é o que me preenche", sublinhou, em entrevista ao programa 'O dia da Cristina', da TVI.
A carreira é longa mas Jesus demorou muito a chegar a um 'grande'. No entanto, garante estar muito orgulhoso do seu percurso.
"Sempre fui uma pessoa orgulhoso. Quem é orgulhoso é vaidoso. O meu orgulho foi sentir que comecei a treinar na terceira divisão. Ninguém me deu uma equipa na primeira, tive de subir todos os escalões até chegar às melhores equipas em Portugal e no Benfica conquistar o meu primeiro título nacional. O grande objetivo em 2009/10 era ser campeão. Quando fui para o Brasil tinha a mesma ideia, tinha de ser campeão brasileiro. Mas para eles era mais importante a Libertadores do que o Brasileirão. E ganhei os dois", recordou.
Com 66 anos de idade, Jorge Jesus já ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal. Venceu também títulos internacionais como a extinta Taça Intertoto e a Taça Libertadores, em 2019, pelo Flamengo.
"Falta-me ganhar uma Champions, falta-me ser campeão do Mundo. Com o Flamengo foi por pouco, perdemos a final com o Liverpool. Nunca mais esquecerei o Brasil. E não posso dizer, hoje, que vou acabar a carreira em Portugal. Se ainda vou para o estrangeiro outra vez? É a minha vida, a minha carreira, nunca se sabe", garantiu.
Um dos temas abordados na entrevista a Cristina Ferreira foi a forma peculiar como o técnico fala com os jogadores. Jesus diz que tem algumas dificuldades em comunicar com quem não fala português mas lá consegue fazer passar a sua mensagem. E deu um exemplo de um caso passado no treino desta quarta-feira, no Benfica.
"Lido bem com o que dizem [sobre a minha forma de falar]. Ainda hoje no treino... Não falo bem inglês e tenho alguns jogadores que não percebem muito bem português. Estava a falar para um jogador que percebe melhor inglês do que português e falei num inglês de praia e ele percebeu. E disse-lhe "estás a ver como sei falar inglês?'. Na Arábia Saudita tive de saber falar árabe, algumas palavras árabes para me perceberem. Era mais conceitos do jogo em que tinha de me expressar para me perceberem. Só percebiam inglês ou árabe. O espanhol é o meu forte, habituado a tantos anos de argentinos, uruguaios, paraguaios, chilenos...", atirou.
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