Os jogadores e treinadores do Desportivo das Aves manifestaram hoje a intenção de disputar os últimos encontros da I Liga portuguesa de futebol, apesar de a SAD ter informado que não iriam comparecer ao desafio frente ao Benfica.
Num comunicado conjunto, Sindicato do Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) e a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) evidenciaram que “a vontade de todos os profissionais [do Desportivo das Aves] é competir até ao último minuto da última jornada”, com estes a apelarem às autoridades para que intervenham “de forma determinada e célere”.
“Treinadores e jogadores apelam às autoridades para que intervenham de forma determinada e célere – apurando todas as responsabilidades e retirando daí as necessárias consequências – e criem condições para que no futuro mais nenhum profissional tenha de viver este tipo de situação”, lê-se no comunicado.
O plantel do Desportivo das Aves realizou os testes à covid-19, que são obrigatórios 48 horas antes de qualquer desafio da I Liga, depois de a direção do clube disponibilizar o pavilhão para o efeito, mas não poderá subir ao relvado para a partida com o Benfica, da 33.ª e penúltima jornada, agendada para as 21:15 de terça-feira, se a administração da SAD, liderada pelo chinês Wei Zhao, não conseguir reunir as verbas necessárias para a reativação da apólice de seguro de acidentes de trabalho.
O treino da equipa orientada por Nuno Manta Santos, que estava agendado para as 17:30 de hoje, foi também cancelado devido à falta de seguro.
"No dia 17 de julho, fomos notificados no sentido de nos informarem que a apólice [de seguro] estaria anulada. Sabemos que o regulamento das competições não permite efetuar sequer o treino ou jogo sem seguros. Sem os jogadores devidamente segurados para um possível acidente de trabalho, não é possível. Após uma reunião de urgência da administração [da SAD], não conseguimos reunir uma verba para pagar os seguros e, portanto, obviamente, não iremos comparecer aos seguintes jogos", explicou Estrela Costa, em declarações à Sport TV.
A administradora da SAD avense defendeu que "ninguém no seu perfeito juízo metia ninguém a treinar sem seguro".
"Houve um período de carência, mas nós continuámos a ter muitas despesas. Nós até tínhamos jogos em casa contra o FC Porto e o Benfica nesta fase, mas não tivemos essas receitas que tanto nos ajudariam. Temos um problema de tesouraria […]. A lei, o regulamento das competições, é clara. Não podemos treinar ou jogar sem ter uma apólice de seguros em dia", reforçou.
Ainda assim, SJPF e ANTF destacam, no comunicado, que os jogadores e treinadores do lanterna-vermelha do campeonato “tudo fizeram desde o início da temporada para dignificar o clube e honrar a camisola” e que, “apesar da situação de extrema gravidade, têm cumprido as suas obrigações com brio e profissionalismo”.
“Treinadores e jogadores estão, como sempre estiveram, disponíveis para treinar e jogar, respeitando assim os compromissos assumidos e a verdade desportiva”, acrescenta a nota.
Os avenses ameaçaram há dois dias faltar ao jogo no estádio do Portimonense, da 34.ª e última jornada da I Liga, marcado para 26 de julho, de forma a "salvaguardar a transparência na luta pela permanência", uma vez que receiam "não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva" contra os algarvios.
O lanterna-vermelha deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, e Tondela, 15.º, envolvidos numa fuga à descida, que ainda engloba o Belenenses SAD (14.º, com 32 pontos) e o Paços de Ferreira (13.º, com 35).
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