Em apenas dois jogos o FC Porto deixou cinco pontos na Madeira. Este sábado empatou a uma bola com o Nacional em jogo da 26.ª jornada da Primeira Liga e não aproveitou da melhor maneira a derrota do Benfica frente ao Rio Ave. No final da temporada será possível saber se foram dois pontos perdidos ou um ponto ganho. Para já, depende apenas de si para ser campeão. As duas bolas nos ferros da baliza do Nacional não chegam para desculpar o empate.
A Madeira, "pérola do Atlântico" está transformada numa ilha "maldita" para o "dragão" que deve ter calafrios sempre que tem de apanhar um avião para a Madeira (e não, não se trata da sempre difícil aterragem no aeroporto internacional do Funchal).
O jogo tinha um aliciante de peso: a derrota do Benfica, momentos antes, em Vila do Conde, deixaria o FC Porto a depender de si para ser campeão. Uma vitória colocaria a turma de Lopetegui a apenas um ponto da liderança, sabendo que na 30.ª jornada há um Benfica-FC Porto na Luz. Mas os "dragões" não aguentaram a pressão e voltaram a não ganhar na Madeira, onde já tinham perdido com o Marítimo por 1-0.
Se foi ansiedade, pressão de ganhar para ficar tão perto do Benfica, nunca se irá saber. O certo é que o FC Porto fez uma exibição cinzenta, desligada, onde nenhum dos sectores se destacou. O golo de Tello aos 45 minutos da primeira parte parecia ter caído do "céu", já que, até lá, apenas havia o registo de um remate (quase sem ângulo) de Alex Sandro travado por Gottardi e dois livres diretos marcados por Casemiro (tentou imitar o golo ao Basileia) com a mira apontada ao lado do poste direito do Nacional. Os madeirenses, que jogavam ora em transições rápidas, ora em bolas longas para o gigante, incansável e nada tosco Lucas João, tentavam bater Hélton, guarda-redes que voltou a ser titular na Liga, um ano depois.
Lopetegui pensou que o problema estaria no meio-campo e desde cedo colocou Rúben Neves a aquecer para ocupar a vaga do já amarelado (10 cartões amarelos na Liga) Casemiro. O problema era outro: cansaço e falta de inspiração. É certo que Tello fez um golaço, colocou o FC Porto em vantagem, mas dele pouco ou nada há a dizer. Apagou-se, perdeu imensas bolas, raramente tirou um bom centro e perdeu imenso nos duelos com com Zainadine e João Aurélio (quando mudava de faixa). O mesmo se pode dizer de Brahimi, que terá feito o seu pior jogo com a camisola do FC Porto. Herrera “estoirou” no segundo tempo, Aboubakar recuava muito.
O golo de Tello é produto do "chico-espertismo" do FC Porto, que não "dormiu", como disse Manuel Machado. Com Wylliam fora das quatro linhas para sair e o Nacional prestes a fazer uma substituição, os "dragões" atacaram pelo lado "descoberto" do Nacional. Danilo subiu, criou dúvidas na cabeça de Zainadine (entre acompanhar o lateral ou ficar com Tello). Tello aproveitou para fletir para o meio e rematar de pé esquerdo, colocado, fazendo um golaço.
Lopetegui tentou ter bola, com a entrada de Quintero para o lugar de Evandro (o colombiano não era a solução porque raramente teve bola e quando teve, decidiu mal). Logo a abrir o segundo tempo Maicon atirou a barra na marcação de um livre. Com o jogo partido e um Nacional mais fresco, os "dragões" começaram a sentir dificuldades para travar os contra-ataques do Nacional. Num deles, Sequeira cruzou, Alex Sandro ficou a ver Wagner ganhar-lhe nas costas e encostar para o empate. Acabava a série de oito jogos sem sofrer golos por parte do FC Porto. Noutra situação, que nasceu de um canto (muito mal marcado) a favor do FC Porto, o Nacional só não marcou porque Lucas João fez o mais difícil: em contra-ataque de cinco para três, rematou por cima, na pequena área, na melhor oportunidade de todo o jogo.
Pelo meio Quaresma agitou o corredor direito com bons centros e boas iniciativas, Gottardi nego o golo a Aboubakar e Danilo acertou no poste, numa das suas raras aparições no ataque. O lateral esteve apagado, cometendo muitos erros a defender e a não ajudar no ataque. Não prece totalmente recuperado.
Com o “preço” a que estão os pontos e com uma luta tão renhida com o Benfica, pedia-se outro FC Porto. O final da época dirá se este foi um ponto ganhou ou dois perdidos. De positivo, apenas isto: o FC Porto passa a depender apenas de si para ser campeão, o que não acontecia há quatro meses. Facto muito sublinhado por Lopetegui, tanto na flash interview como na conferência de imprensa.
Vem aí um mês de abril caótico, com sete jogos: dois da Liga dos Campeões, um da Taça da Liga e quatro da Primeira Liga. Pernas precisam-se no reino do "dragão" para manter o clube na rota dos títulos.
Comentários