Desde que assumiu a presidência do Sporting que Bruno de Carvalho não dá tréguas aos rivais. O presidente dos “leões” começou por atacar Pinto da Costa e o FC Porto mas depois virou “agulhas” para o Benfica e para Luís Filipe Vieira.
A verdade é que a estratégia de Bruno de Carvalho não é algo no futebol português. Os líderes de Benfica e FC Porto, Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa, respetivamente, também já tiveram os seus períodos de “guerra” com os rivais e não só, disparando em todas as direções: Liga, Federação, arbitragem.
A presidência de Bruno de Carvalho no Sporting tem dado azo a muito alguma controvérsia no futebol português. Uns consideram-no incendiário, sobretudo os adeptos dos clubes rivais, outros, um acérrimo defensor do clube e um lutador contra a bipolarização do futebol português entre Benfica e FC Porto.
De acordo com um levantamento do jornal OJogo, o presidente dos “leões” já comprou mais de 50 guerras desde que assumiu a presidência do clube em março de 2013. Ainda assim, Bruno de Carvalho não fez mais do que repetir ações que outrora tanto Pinto da Costa como Luís Filipe Vieira realizaram no passado. É bom recordar que Pinto da Costa está há 33 anos na presidência do FC Porto, já o “consulado” de Vieira nos “encarnados” dura desde 2003. Participação em programas televisivosBruno de Carvalho foi muito criticado pela sua participação no programa “Prolongamento” da TVI24. Não tanto pelo que disse, mas por se ter confrontado diretamente com um funcionário do Benfica, no caso, Pedro Guerra, um dos comentadores residentes.
No entanto, é bom recordar que Luís Filipe Vieira já encarou de igual para igual um dos comentadores do programa “Dia Seguinte” da SIC Notícias, confrontando-se com Guilherme Aguiar, que ainda se mantém no programa. Já se passaram mais de 10 anos, mas a internet não esquece. No dia 25 de abril de 2004, aconteceu uma situação inédita com o “líder” dos “encarnados” a entrar em direto no programa sem ser convidado para tentar explicar os contornos da transferência de Ricardo Rocha do SC Braga para o Benfica. Sentou-se ao lado de Pedro Mourinho e trocou palavras menos simpáticas com o comentador afeto ao FC Porto.
Críticas à arbitragem
Este início de época tem sido marcado pelas críticas à arbitragem por parte do Sporting, mas não se pode dizer que o clube de Alvalade tenha sido o único a fazê-lo. A título de exemplo, o presidente do Benfica, já em 2012/2013 falou de “faixas encomendadas”, depois de um empate a um golo frente ao Belenenses . Na altura, o líder “encarnado” relembrou que o FC Porto tinha vencido o Vitória de Guimarães com uma grande penalidade duvidosa. Já em julho deste ano, Pinto da Costa concedeu uma entrevista ao jornal espanhol El País, em que referiu que o Benfica foi beneficiado pela arbitragem em 2014/2015, temporada em que as “águias” venceram o tão desejado bicampeonato nacional. Recorde-se que recentemente Bruno de Carvalho foi suspenso provisoriamente durante 20 dias na sequência da expulsão no final do encontro entre o Boavista e o Sporting. Isto depois de ter dirigido algumas palavras de desagrado em direção ao árbitro de Artur Soares Dias.
Presidentes no banco
Desde que assumiu a presidência dos “leões” que Bruno de Carvalho optou por se sentar no banco de suplentes junto à equipa. Mas esta situação não é inédita entre os “três grandes” do futebol português. Pinto da Costa sentou-se durante vários anos no banco de suplentes do FC Porto. Desde que foi eleito em 1982, o presidente dos “dragões” manteve o hábito de se sentar na maior parte dos jogos no banco de suplentes, ao lado do treinador. Situação que na atualidade já não ocorre. Pinto da Costa prefere a tribuna.
"Blackout"
Em 2003 o FC Porto entrou blackout, devido aos castigos impostos pela Comissão Disciplinar da Liga de Clubes aos jogadores Jorge Costa e Costinha. Na altura os “dragões” estiveram 11 dias sem que nenhum elemento do clube falasse à comunicação social. Foi uma forma encontrada pelos “dragões” para contestarem os castigos da Liga.
Na temporada 2014/2015 e depois das críticas de José Eduardo dirigidas ao então técnico Marco Silva, e dos ecos da imprensa à volta do caso, Bruno de Carvalho decidiu decretar blackout e não falar mais à imprensa.
Críticas aos organismos do futebol português
Uma questão nos últimos tempos uniu Sporting e FC Porto: a questão do sorteio dos árbitros. Ambos os clubes também apoiaram a candidatura de Pedro Proença à presidência da Liga, em detrimento do presidente em exercício Luís Duque, que era apoiado pelos “encarnados”. O Benfica esteve contra, defendendo a nomeação dos árbitros para os jogos. A proposta dos “leões e dragões” foi aprovada na Liga pelos clubes: 53 dos 71 delegados presentes na Assembleia Geral disseram “não” ao sorteio, pelo que os árbitros continuaram a ser nomeados pelo Conselho de Arbitragem da FPF. Também o Benfica foi muito crítico na pessoa do seu presidente Luís Filipe Vieira à presidência de Mário Figueiredo na Liga.
Críticas à equipa
Na temporada passada, Bruno Carvalho teceu duras críticas nas redes sociais à equipa principal de futebol depois da pesada derrota em Guimarães. Uma intervenção que não caiu bem na equipa do Sporting. Também Luís Filipe Vieira foi muito crítico em relação à atitude dos jogadores do Benfica num encontro da Taça de Portugal entre o Benfica e a Oliveirense, na época2004/2005. “Houve alguma inércia da nossa equipa e dos nossos jogadores. Qualquer jogador nosso tem de respeitar qualquer adversário, mas dentro da nossa casa nós temos de mandar, ainda por cima com uma equipa completamente amadora. É claro que a atitude dos nossos jogadores terá de ser outra, nomeadamente em relação à primeira parte, mas penso que isso não vai voltar a repetir-se”, disse o presidente na altura. Era Trapattoni treinador das águias na altura.
A verdade é que não há muitas diferenças entre os líderes dos “três grandes” quando o assunto é criticar as ações dos rivais ou dos órgãos do futebol português. A luta pelos títulos no futebol português faz com que os clubes tentem tudo, dentro e fora das quatro linhas, para tentar ganhar vantagem sobre os rivais.
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