Paulo Futre assegura, ainda hoje, que a sua intenção era permanecer no Sporting durante longas temporadas, até porque tinha sido em Alvalade que, desde os 10 anos, se começou a formar como um dos mais exemplares futebolistas do panorama nacional.
Em 1984, Paulo Futre, com apenas 18 anos, mas já internacional A e com contrato de sete anos com o Sporting, rompeu a sua ligação afectiva a Alvalade e partiu para uma "grande e muito positiva aventura" no FC Porto, clube que lhe permitiu alcançar, entre outros, o título de campeão europeu.
"O FC Porto fez-me uma proposta para um contrato de três anos, a ganhar, nesse período, 27 mil contos. Eu não queria tanto no Sporting como o FC Porto me oferecia e pedi 18 mil nos três anos. Chamaram-me louco e acabei por sair, alegando falta de condições psicológicas para lá continuar", relembrou o internacional português, em entrevista à Agência Lusa.
A passagem do craque pelo velho estádio das Antas foi um sucesso a todos os níveis e prova evidente do êxito é a imagem que Paulo Futre guarda de Pinto da Costa, presidente portista e um "dirigente que até os adversários gostariam de ver nos seus clubes".
"Pinto da Costa é irrepetível e levou um clube praticamente do zero até ao topo. Talvez apenas Santiago Bernabéu, no Real Madrid, tenha feito o que ele fez. Mas poucos estão ao nível dele no Mundo. Isso, garantidamente", avançou.
Na noite fria de 27 de Maio de 1987, recordou Paulo Futre, atingiu o éden na Europa do futebol, com uma exibição de enorme qualidade que, no fim, valeu ao FC Porto o triunfo por 2-1 sobre o Bayern Munique, na final da Taça dos Campeões Europeus.
Futre, um miúdo a começar a viver os primeiros dias de uma fama que ainda hoje perdura, vê na união da equipa o principal motor dessa conquista histórica, mas também se lembra do papel preponderante de Artur Jorge, então técnico dos "dragões".
"Ao intervalo, perdíamos 1-0, mas até estávamos a jogar bem. No balneário, todos com a cabeça em baixo, começámos a ouvir Artur Jorge a gritar connosco e a dar-nos grande energia. Tirou a gravata, arregaçou as mangas e disse: Isto não é um sonho. É a realidade e temos 45 minutos para entrar na história. Levantámos a cabeça e fomos lá para dentro como se não houvesse amanhã".
Essa época valeu-lhe a transferência para o Atlético Madrid, do polémico Gil e Gil, por 480 mil contos (aplicando a inflacção rondaria actualmente os 6,6 milhões de euros).
"Na altura, foi a segunda mais cara transferência de sempre, logo atrás da do Maradona. Por isso, hoje, deveria andar pelas verbas que se falam por aí. 100 milhões, 50 milhões? Não faço ideia. Fui a segunda mais cara, na altura. Isso diz tudo", concluiu.
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