
Na Pedreira, o jogo da última jornada da I Liga entre SC Braga e Benfica prometia emoções, mesmo que as possibilidades matemáticas dos encarnados se esfumassem ao mínimo tropeço. E, tropeço ou não, a verdade é que a tarde minhota se revelou um retrato fiel da temporada benfiquista: algum domínio, momentos de inspiração, mas também muita intermitência, ansiedade e pouca eficácia no momento certo.
O empate (1-1) espelhou isso mesmo e confirmou que o título, esse, vai mesmo para Alvalade.
Um início solto, mas sem chama
Os primeiros minutos mostraram vontade de ambas as equipas. Racic tentou logo aos 60 segundos, mas o remate foi demasiado ambicioso e saiu por cima da baliza de Trubin.
Aos 6', Leandro Barreiro teve o 0-1 nos pés após um ressalto feliz, mas desperdiçou o golo com um remate ao lado, já isolado frente a Hornicek.
Com o FC Porto a vencer cedo no Dragão, o Braga perdia desde logo a possibilidade de lutar pelo 3.º lugar, mas isso não lhes retirou o ímpeto competitivo.
Zalazar muda o jogo
Aos 20 minutos, o momento que virou o rumo da primeira parte: Ricardo Horta caiu na área após um pisão de Tomás Araújo. O árbitro Miguel Nogueira hesitou, mas o VAR chamou-o à razão. Grande penalidade assinalada e, aos 26’, Rodrigo Zalazar encheu o pé e atirou para o ângulo, sem hipóteses para Trubin. Um golaço e um balde de água fria para os encarnados, que até aí dominavam as operações.
Logo depois, Pavlidis pediu penálti na área adversária, mas o árbitro nada assinalou.
O Benfica, ferido, tentou responder: o grego tentou um chapéu a Hornicek (37’) e, logo a seguir, Trubin teve de se aplicar a remates de Gómez e Roger.
No último suspiro do primeiro tempo, o jovem norueguês Schjelderup perdeu a bola de forma displicente, Roger ficou isolado, mas Trubin, com uma mão milagrosa, manteve o 1-0.
Ao intervalo, a vantagem bracarense era justa. O Benfica acusou o golo, perdeu confiança, e o Sp. Braga, sereno e organizado, conseguiu explorar o espaço com critério.
Pressão, resposta... e expulsão
O recomeço trouxe um Braga personalizado e perigoso. Zalazar voltou a ameaçar de longe (49’), forçando mais uma defesa apertada de Trubin. Do outro lado, as notícias chegadas de Alvalade eram más para o Benfica: o Sporting marcava e segurava, com firmeza, o título.
Mesmo assim, os encarnados queriam despedir-se com dignidade. Aos 63 minutos, num lance de insistência, Di María foi maestro, Pavlidis executante. O argentino serviu o grego pela direita, que, com sangue-frio, colocou a bola entre o poste e Hornicek, fazendo o empate. Estava relançado o jogo.
E ainda mais ficou quando, apenas três minutos depois, João Moutinho viu o segundo cartão amarelo por entrada perigosa sobre Belotti. Braga com 10, Benfica com tudo para carregar até final.
Águias tentam, mas não descolam
Os últimos 20 minutos foram de domínio encarnado. Belotti e Di María tomaram conta da frente, Pavlidis aparecia em todo o lado e Kokçu tentava organizar. Mas faltou sempre o último toque, a frieza dentro da área, a tal centelha de campeão.
O Braga, mesmo em inferioridade, mostrou carácter. Recuou linhas, juntou setores e defendeu com alma, deixando pouco espaço para a avalanche final benfiquista. Mesmo assim, nos minutos finais, foram os minhotos quem protagonizaram três grandes oportunidades, brilhantemente anuladas por Turbin. O empate manteve-se até ao apito final.
Fim amargo para o Benfica, sinal de estabilidade para o Braga
O 1-1 não serviu a ninguém, mas resumiu a temporada. Para o Benfica, fica a frustração de não ter conseguido transformar posse e talento em títulos. O regresso de Bruno Lage não teve o impacto desejado e as águias fecham a época com sabor a pouco.
Para o Braga, o 4.º lugar é um sinal de estabilidade, ainda que abaixo do que o plantel permite sonhar. Zalazar despediu-se da temporada em grande e a expulsão de Moutinho não manchou o espírito combativo da equipa. A Pedreira fechou as portas em festa contida – mas com orgulho na identidade.
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