O futebolista Reko Silva entregou um pedido de rescisão unilateral à SAD do Desportivo das Aves, devido a três meses de salários em atraso, confirmou hoje o ex-médio do clube despromovido à II Liga.
Miguel Gonçalves Silva, conhecido no futebol por Reko Silva, marcou um golo em 12 jogos e estava vinculado até junho de 2022 à formação do concelho de Santo Tirso, pela qual assinou há um ano, oriundo das camadas jovens do Sporting de Braga, para reforçar a equipa sub-23 dos avenses, na qual se notabilizou com oito tentos em 17 aparições.
O centrocampista, de 21 anos, é o 11.º atleta a desvincular-se do Desportivo das Aves por dívidas salariais, depois dos guarda-redes Quentin Beunardeau e Raphael Aflalo, dos defesas Jonathan Buatu e Mato Milos, dos médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e dos avançados Kevin Yamga, Rúben Macedo e Welinton Júnior.
O defesa e capitão Afonso Figueiredo também abandonou a Vila das Aves esta semana, mas sem especificar os motivos, tal como o avançado Miguel Tavares, ao passo que o médio Bruno Lourenço assinou por três temporadas com o Estoril Praia e o dianteiro ganês Kelvin Boateng rumou por empréstimo à equipa B do FC Porto, ambas da II Liga.
A SAD do Desportivo das Aves, liderada pelo chinês Wei Zhao, acumula três meses seguidos de salários em atraso e falhou na quarta-feira os requisitos de licenciamento das provas profissionais de 2020/21, tendo a Comissão de Auditoria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) detetado três incumprimentos legais e 13 financeiros.
Além dos nortenhos, que terminaram a I Liga na 18.ª e última posição, com 17 pontos, e a despromoção consumada, o Vitória de Setúbal, 16.º colocado e primeiro clube acima da ‘linha de água’, infringiu três critérios legais, numa decisão passível de recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) até segunda-feira.
Em causa está o incumprimento de “inexistência de dívidas a sociedades desportivas, jogadores, treinadores e funcionários”, da “regularidade da situação contributiva perante a Autoridade Tributária e a Segurança Social” ou do “compromisso de entrega das contas”, conforme indica o comunicado emitido pelo organismo presidido por Pedro Proença.
Fonte dos avenses explicou à Lusa que os departamentos jurídicos da administração e do clube reuniram-se nas últimas horas para encontrar os argumentos que invertam uma despromoção direta ao Campeonato de Portugal, acreditando que a contestação seja entregue hoje junto do órgão judicial federativo, que tem 45 a 75 dias para deliberar.
Em 21 de julho, a direção de António Freitas, recém-eleito em 27 de junho rumo ao biénio 2020-2022, apresentou uma ação no Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a requerer a destituição dos órgãos sociais da SAD do Desportivo das Aves, que tenta negociar com os 32 credores a reestruturação de todas as dívidas num único plano de pagamento.
A administração ameaçou faltar aos últimos dois jogos do campeonato, antes de assistir na semana passada à rebocagem dos dois autocarros, ao arresto de outros bens e às buscas da Polícia Judiciária no estádio e nas habitações de Wei Zhao e Estrela Costa, presidente da SAD e acionista da empresa gestora dos nortenhos, respetivamente.
Os anseios da SAD tropeçaram no empenho do clube presidido por António Freitas, que desembolsou quase 50 mil euros para desbloquear a apólice de seguro de acidentes de trabalho e outras despesas logísticas inerentes à organização da receção ao Benfica (0-4, no dia 21) e da visita ao Portimonense (0-2, no domingo).
Em virtude da decisão da Comissão de Auditoria, a Liga de clubes convidou o Portimonense, 17.º classificado e despromovido, a manter-se na I Liga e o Cova da Piedade e o Casa Pia a ficarem na II Liga, após terem sido relegados pela via administrativa, com o cancelamento daquele escalão devido ao novo coronavírus.
Cova da Piedade e Casa Pia terão de apresentar candidatura ao ingresso nas provas profissionais, com a II Liga a registar 14 clubes admitidos, além de duas equipas B (Benfica e FC Porto), faltando os dois emblemas que poderão reingressar.
Na lista consta o Vizela e o Arouca, que a FPF indicou à subida, após o abandono do Campeonato de Portugal devido à pandemia de covid-19, uma decisão que o Tribunal Arbitral do Desporto decidiu, desde então, suspender.
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