O requerimento pode ser consultado no portal Citius, aplicação que concentra informação sobre o sistema judicial português, e foi distribuído no mesmo dia em que a Polícia Judiciária fez buscas no estádio do clube e nas habitações de Wei Zhao e Estrela Costa, presidente da SAD e acionista da empresa gestora dos nortenhos.
De acordo com o Artigo 17.º - A do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, o PER tem “caráter urgente” e permite “ao devedor que, comprovadamente, se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação, estabelecer negociações com os respetivos credores de modo a concluir um acordo conducente à sua revitalização”.
A administração do Desportivo das Aves pretende negociar em tribunal com os 32 credores a reestruturação de todas as dívidas num único plano de pagamento, tendo em vista a necessidade de apresentar até hoje os documentos para licenciamento exigidos pela Liga de clubes, sob pena de falhar a participação na II Liga da próxima temporada.
A SAD acumula três meses seguidos de vencimentos em atraso, responsáveis por 10 rescisões unilaterais de atletas no decurso da I Liga, apesar de o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol ter arquivado dois processos associados às dívidas salariais entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020 e de março a abril.
Os nortenhos vêm de uma semana atribulada, na qual a administração começou por ameaçar a falta de comparência aos últimos dois desafios da época, diante de Benfica (0-4) e Portimonense (0-2), antes de assistir à rebocagem dos dois autocarros e ao arresto de outros bens que se encontravam nos gabinetes da sociedade anónima no estádio.
Apesar das advertências do agente de execução para que nada fosse levado dos gabinetes, Wei Zhao e Estrela Costa levantaram uma série de pastas e documentos e abandonaram o estádio em duas viaturas pessoais por volta das 13:00, sob olhar da Guarda Nacional Republicana e perante os protestos de quase meia centena de adeptos.
O arresto de bens decorreu das 09:00 às 18:30 e foi pedido pela Engimov, a quem foi adjudicada sem concurso a construção do centro de estágios avense, cuja primeira pedra foi lançada em 17 de setembro de 2016 e tinha conclusão prevista para o início de 2018.
O investimento inicial de 3,6 milhões de euros (ME) previa três campos de futebol, balneários, estruturas de apoio e uma unidade hoteleira de 50 quartos, mas a empreitada está parada há vários meses e o terreno redundou num amplo descampado.
De acordo com uma investigação publicada pelo jornal Público em 08 de junho, apesar de o relatório e contas da SAD do Aves mostrar pagamentos na ordem dos 1,5 ME, a construtora sediada em Vila Verde exige uma verba em atraso superior a 400 mil euros.
Wei Zhao garantiu que os serviços jurídicos do Desportivo das Aves iam avançar com um processo na justiça contra a Engimov, até que surgiu esta penhora de bens, dois dias depois de a direção de António Freitas ter apresentado uma ação judicial no Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a requerer a destituição dos órgãos sociais da SAD.
Movido pela vontade de jogadores e treinadores em terminarem a temporada, o clube desembolsou cerca de 50 mil euros para desbloquear a apólice de seguro de acidentes de trabalho e outras despesas inerentes à organização da receção ao vice-campeão nacional Benfica, na terça-feira, numa partida de encerramento da 33.ª jornada da I Liga.
Os esforços logísticos repetiram-se nos dias seguintes e contaram com a cedência de um autocarro pago pela Câmara Municipal de Santo Tirso para assegurar a deslocação ao Portimonense no domingo, em jogo da 34.ª e última ronda, que agregou os algarvios (17.º e penúltimo lugar, com 33 pontos) aos avenses (18.º, com 17) na despedida da elite.
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