O FC Porto vai de ´vento em popa` na I Liga e só está à espera de um deslize do Benfica para tomar de assalto à liderança da prova. Os ´dragões` golearam o Arouca na sexta-feira por 4-0 e somaram a 9.ª vitória consecutiva.
Com Nuno Espírito Santo ao leme, a construção da equipa começou de trás para a frente: os ´dragões` começaram por consolidar o processo defensivo (melhor defesa da Liga com 11 golos sofridos, quatro deles fora de casa, em 26 jornadas) mas faltava afinar a pontaria na frente.
530 minutos sem marcar
Os dissabores na frente de ataque custaram muito a equipa. A formação azul-e-branca teve um mês de novembro ´negro` com cinco empates consecutivos (três para a I Liga, um para a Taça da Liga e outro para Champions), a que pode juntar outro nulo em finais de outubro com o V. Setúbal. Soava o alarme no Dragão: era preciso um avançado capaz de transformar as oportunidades em golo já que a dupla André Silva/Diogo Jota não dava para tudo. A equipa esteve 530 minutos sem fazer qualquer golo, até que Rui Pedro saltou do banco para dar a vitória frente ao SC Braga no Dragão, aos 95 minutos.
A contestação foi subindo de tom no Dragão e teve o seu auge com a eliminação da equipa na Taça de Portugal e, mais tarde, na fase de grupos da Taça da Liga (empates com Belenenses e Feirense e derrota com Moreirense). Nem a passagem aos ´oitavos` da Champions amenizou a crítica. A equipa era coesa e forte atrás mas faltava o homem-golo à frente. Nuno sentiu a necessidade de explicar aos jornalistas mas também aos adeptos o que queria da equipa e o porquê dos resultados menos conseguidos. Recorreu a um quadro e desenho em duas ocasiões para explicar as suas ideias.
E tudo Soares mudou...
Em janeiro de 2017, chegaria Soares proveniente do Vitória de Guimarães. Era o ´boneco` que faltava no desenho de Nuno. A estreia do avançado brasileiro aconteceu na 20.ª jornada frente ao Sporting. Era imperial vencer e Soares mostrou ao que vinha: dois golos na estreia e o Dragão rendido ao novo avançado. Soares marcaria ainda nos outros cinco jogos da Liga que se seguiram, tornando-se num caso sério no Dragão.
Desde que Soares chegou ao FC Porto, a equipa de Nuno Espírito Santo fez 20 golos em seis jornadas e passou de uma média de 1,9 golos por ronda, antes da sua contratação, para 3,3 golos. Os ´dragões` chegaram aos 57 golos e passaram a ter o ataque mais concretizador da prova.
A importância de Tiquinho Soares no ataque azul-e-branco não se mede apenas nos golos. Desde que Soares chegou, o FC Porto passou a rematar menos e a acertar mais. Antes a equipa rematava, em média, 17,2 vezes por partida, para fazer 1,9 golos. Agora tem uma média de 14,7 tentativas para 3,3 golos. Sem surpresa, a percentagem de remates enquadrados passou de 36% para 50%, de acordo com dados do jornal OJogo.
Para se encontrar um jogador com tanta eficácia no FC Porto é preciso recuar até a época 2000/2001, ano em que Pena marcou nos primeiros seis jogos que fez com a camisola azul-e-branca. Mas Soares fez melhor: marcou nove golos nos seis jogos. Ao todo, o avançado fez 45 por cento dos golos da equipa neste período. Estes nove tentos foram conseguidos com apenas 24 remates. A título de curiosidade, André Silva precisou de 72 remates (média de 4,8) para chegar aos 15 golos que leva na I Liga.
Os golos traduzem também o que Soares veio dar à equipa. Com ele, o FC Porto ganhou no poderio físico, na exploração da profundidade e em presença aérea. O avançado encaixou que nem uma luva na forma de jogar da equipa de Nuno Espírito Santo. É caso para dizer que Soares era o ´boneco` que faltava no desenho de Nuno, quando o treinador tentou explicar o que queria da sua equipa.
Soares só não marcou para a Liga dos Campeões, na derrota por 2-0 frente a Juventus, em jogo da primeira-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Um jogo inglório para o avançado já que o FC Porto remeteu-se à defesa a partir dos 25 minutos, quando Alex Telles foi expulso com duplo amarelo.
O atacante precisou de 22 jogos para chegar aos nove golos no V. Guimarães, seu anterior clube. No ´Dragão` chegou aos nove golos em seis partidas. Nesta altura leva 16 golos na I Liga e está no segundo lugar dos melhores marcadores, atrás de Bas Dost.
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