Durante a cerimónia de apresentação da sua estrutura do futebol, caso seja eleito presidente do FC Porto, André Villas-Boas aproveitou para lançar ataques à atual estrutura dos azuis e brancos, mormente no que diz respeito ao planeamento e modo com que tem vindo a gerir o futebol do clube nos últimos anos.

O candidato da lista B começou por apontar a uma falta de planeamento da administração portista, apresentando exemplos disso mesmo:

"A falta de planeamento ao longo dos anos resultou em inúmeras saídas de jogadores profissionais a custo zero; em inúmeras contratações de jogadores na equipa A e na equipa B de valor dúbio e em contra-ponto com as necessidades dos seus treinadores; o uso permanente de determinados clubes e determinados intermediários como entreposto de negociação, significando que o FC Porto, em seis anos e meio de vendas de jogadores e com receitas no valor de 500 milhões de euros com essas vendas, tenha encaixado apenas 10 por cento desse valor, 50 milhões de euros, o que, comparando com os nossos rivais que tiveram encaixes na ordem dos 36% e 46%, ainda mais nos envergonha. A tudo isto, não só acrescem negócios simulados entre clubes com a intenção de forjar mais-valias, como também uma política de contratações desastrosa, sem rei nem roque, e onde a autoridade do clube se dissipou a favor dos interesses de determinados agentes e/ou intermediários", começou por afirmar Villas-Boas.

O antigo treinador dos dragões acrescentou que esta política alastrou-se mesmo para os escalões de formação do clube.

"O contágio passou para a formação, onde os nossos juniores não são campeões há mais de cinco anos, os nossos juvenis há 12, e onde temos vindo a ser ultrapassados por clubes de menor dimensão e recursos, não só no campo desportivo como no infraestrutural. Virando o foco para a formação, nas últimas 6 épocas e meia, o FC Porto realizou vendas de jogadores de cerca de 180 milhões de euros. Em média, pagou 24 por cento de custo de comissões e intermediação na venda desses jogadores, o que contrasta com os seus rivais que gastam em média cerca de 10 por cento. Caso o FC Porto tivesse gerado receitas e margem ao nível dos rivais, teria gerado entre cerca de 120 milhões a 180 milhões de euros a mais de resultados, ou seja, poderia ter pago três academias ou centros de alto rendimento nesse período", atirou.

Posteriormente, Villas-Boas apresentou a sua visão para o futebol do FC Porto, caso seja eleito presidente, mostrando dois exemplos que considera seguir.

"Hoje, como nunca, temos necessidade de rapidamente centralizar uma metodologia de formação, estabelecer rapidamente uma cultura formativa que nos permita fornecer a equipa principal de talento, de jogadores com um forte sentido de pertença ao clube e talento inegável. Para que isso aconteça, não pode haver medo de os chamar precocemente à equipa principal, orientando o clube para a criação de uma cultura de formação à imagem de outros grandes clubes europeus como o são, entre outros, o Barcelona e o Ajax", disse o candidato.