As obras no estádio da Oliveirense iniciam-se hoje, depois de dois anos de avanços e recuos, que obrigaram o clube a pedir um empréstimo de “800 mil euros” e a reduzir o orçamento para a próxima época.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente oliveirense, Horácio Bastos, disse estar “feliz” por finalmente estar a fazer algo que “já deveria ter feito” e abordou os temas que ocuparam a agenda este último ano, nomeadamente a criação de uma SAD, que acabou por não acontecer, o futuro do emblema e o que será o novo estádio Carlos Osório.
“Vai ficar um estádio pequenino, mas acolhedor, com todas as condições obrigatórias pela Liga e também com as condições de balneários e relvado que os artistas da bola gostam. Vamos fazer campeonatos daqui para a frente. Projetamos que as obras acabem em outubro, espero que a empresa não falhe e consiga fazer a obra em tempo útil”, anunciou.
Apesar de “não ter pago o preço” desportivamente, tendo conseguido a manutenção na II Liga nas duas últimas épocas, o dirigente confessou que se gastou o “preço de meia obra com o dinheiro do aluguer” do Estádio Municipal de Aveiro, onde o clube atuou.
A pré-época vai ser realizada nas infraestruturas do Cesarense, clube vizinho que desceu esta temporada para o campeonato distrital de Aveiro, com o qual foi feito “um protocolo” para ser a “equipa satélite” da Oliveirense, de forma a “poder desenvolver jovens talentos e potenciar o futuro”.
“No campeonato, vamos jogar até final de setembro no Estádio Municipal de Aveiro e, a partir de outubro, contamos com o Carlos Osório. Neste momento, não temos plano B. Para a Taça da Liga, caso joguemos em casa, falei com a Câmara de Gaia para que nos cedam o Estádio Dr.º Jorge Sampaio, portanto, até outubro será isto”, indicou.
Para bancar o investimento, o clube teve de recorrer à banca para pedir 800 mil euros emprestados, pagos em quatro anos, o que significa que o clube vai “sofrer, em termos de orçamento do plantel”, porque o valor total da obra é superior a “um milhão de euros”, portanto, além do empréstimo, o clube tem de “pagar uma boa fatia ao empreiteiro”.
“Estava tudo contratualizado com a SAD, em que o Deco [ex-jogador] era a figura de cartaz, mas o principal investidor não era ele. Houve um contratempo em termos de saúde com o investidor e o processo ruiu. Agora estamos abertos e a analisar novas propostas, se alguma se enquadrar com o projeto desportivo e as necessidades do clube, vamos avançar”, revelou.
Essas necessidades passam por “liquidar o empréstimo das obras, o que falta ao empreiteiro, limpar as pequenas coisas de dívida corrente”, porque quer que a “dívida fique a zero” quando a Oliveirense passar de SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas) a SAD.
“Numa fase inicial é assim que começamos a negociação e, a partir daí, temos mais de dois milhões de investimento em infraestruturas e equipa como obrigatoriedade dos investidores. O projeto desportivo é o que mais conta. Queremos um projeto de valorização de ativos e que o negócio seja feito, única e exclusivamente a partir daí”, explicou.
Ou seja, o objetivo é “potenciar jovens talentos, vendê-los e com isso a SAD poder angariar novos talentos, investir em infraestruturas e dar rentabilidade”. Não havendo a SAD, o clube tem um plano de negócios “a ser cumprido escrupulosamente”, desde as entradas de valores (patrocinadores, televisão, Liga) e aquilo que é gasto do “dia-a-dia em salários, impostos e infraestrutura”, estando tudo “cabimentado”.
O plantel conta, por agora, com apenas 16 jogadores face aos cortes no orçamento e, a nível de entradas, Horácio Bastos admitiu que o clube vai procurar no Campeonato de Portugal jovens que mereçam a oportunidade de atuar na II Liga e "potenciar jogadores da formação", havendo quatro já confirmados na pré-época, sendo que o clube procura quatro jogadores para contratar. A nível de saídas, "depende das propostas", mas vincou que o clube não está "pressionado a vender".
Neste momento, a Oliveirense está sem treinador, depois de o contrato de Pedro Miguel ter expirado, mas o dirigente vincou querer manter o técnico a quem já “foi feito o convite”, admitindo ainda que “o contrato é uma coisa secundária quando se fala de Pedro Miguel” e que não há “plano B”, porque os treinadores “em mente já têm clube”.
“É diferente dos outros, é um treinador da casa que largou outros projetos para vir para cá. O que ele quer são as condições mínimas e obrigatórias para poder trabalhar e é isso que estamos a tentar dar-lhe. Estou convicto que vá aceitar. Neste momento, já não temos plano B definido, mas se ele [Pedro Miguel] não aceitar, temos de arranjar o C ou o D. Por agora há só plano Pedro Miguel e mais nenhum”, finalizou.
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