O jogo particular Portugal - Bélgica era bem mais do que um jogo e todos os que se deslocaram ao Estádio de Leiria pareciam sabê-lo.
Lá fora, os belgas que vieram até Leiria desfraldavam faixas onde se podia ler “orgulho por ser bruxelense”. David Baptista, um belga descendente de portugueses, contavam-nos que hoje era dia de ter o coração dividido, e que ainda sofria com que o se tinha passado há dias. Até saber que todos seus familiares estavam bem, não descansou.
Wies Verstraete está de férias no nosso país e assim que soube deste jogo de pronto comprou bilhetes para ver a sua seleção. Diz-nos não ter medo, que é preciso continuar a vida e mostrar que não o vão obrigar a si e à sua família a deixarem de fazer o que querem.
E se cá fora dava-se uma prova de coragem, lá dentro os jogadores entraram entrelaçados numa união que se quer refletida pelo mundo fora. As bandeiras belgas agitavam-se nas bancadas enquanto se esperava com ansiedade “La Brabançonne”.
Os jogadores atacaram o hino com força, enquanto eram ladeados pelos jogadores lusos. Depois atacou-se a portuguesa a plenos pulmões com as bancadas a darem forma e força à música. E logo de seguida, assistiu-se ao momento mais arrepiante. Em torno do círculo principal do relvado, os 22 jogadores e o trio de arbitragem deram início a um minuto de silêncio. O tal silêncio ensurdecedor respeitado por todos como se o estádio estivesse vazio.
Depois? Depois rolou a bola e lá começou o futebol, no regresso à normalidade que todos querem.
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