Com o seu bis da noite de quarta-feira frente à Irlanda, Cristiano Ronaldo chegou aos 111 golos pela seleção principal de Portugal, deixando em definitivo para trás o iraniano Ali Daei como o melhor marcador de sempre por Seleções nacionais, cujo registo havia igualado durante o Europeu de 2020.

O SAPO Desporto foi olhar para esses 111 remates certeiros de CR7 pela Equipa das Quinas e conta-lhe ao pormenor tudo o que precisa de saber sobre eles.

Quando foram marcados? Quais as principais vítimas? De que forma foram obtidos? Em que fase do jogo? Quem lhe ofereceu mais golos? E quais foram os mais marcantes? Apresentamos-lhe os 111 golos de Cristiano Ronaldo por Portugal ao 'Raio-X'.

Como Ronaldo 'dividiu' os golos pelos diferentes momentos do jogo

Pode dizer-se que o jogo contra a Irlanda confirmou a tendência de Cristiano Ronaldo guardar o melhor para o fim. Se é verdade que os seus 111 golos com a camisola das 'Quinas' foram mais ou menos irmãmente divididos pelos vários momentos do jogo, constata-se que o madeirense é mais comedido entre 11 e os 20 minutos e que é no quarto de hora final das partidas que mais marca (já lá vão 35 golos nesse período), sobretudo entre os 76 e os 85 minutos (19 golos). Além disso, os dois tentos de quarta-feira acentuaram a tendência de Ronaldo marcar mais nas segundas partes do que nas primeiras e, definitivamente, o agora (de novo) jogador do Manchester United parece mesmo tornar-se mais letal à medida que os minutos vão passando. Dos 85 minutos para a frente soma, agora, 16 golos...

PRIMEIRA PARTE: 44

1-10 minutos: 10
11-20 minutos: 3
21-30 minutos: 14
31-40 minutos: 10
41-intervalo: 7

SEGUNDA PARTE: 67

46-55 minutos: 9
56-65 minutos: 15
66-75 minutos: 8
76-85 minutos: 19
86-final: 16

E quantos desses 111 foram de cabeça, ou com o pé esquerdo? E de livre e penálti, quantos marcou?

Como seria de esperar, foi com o pé direito que Ronaldo mais fez o gosto ao pé ao serviço de Portugal. Ainda assim, nos jogos pela Seleção nacional já deu inúmera provas da sua versatilidade na finalização e o numero de golos com a cabeça (frente à Irlanda foram mais dois) e com o pé esquerdo superam já, juntos, a meia centena.

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A grande maioria dos seus 111 golos por Portugal foram marcados de bola corrida, e os dois golos ante os irlandeses vieram acentuar essa tendência. Ronaldo falhou, ainda, uma grande penalidade ante a Irlanda, perdendo assim a possibilidade de chegar à dezena e meia de golos de penálti. Soma 14 grandes penalidades convertidas por Portugal, às quais junta dez golos na marcação de livres diretos.

Pé esquerdo: 25
Pé direito 59
Cabeça: 27

Livres directos: 10
Bola corrida: 87
Penáltis: 14

Quais foram as principais vítimas?

Se há seleções que devem tremer só de ouvir o nome de Cristiano Ronaldo, essas são a da Lituânia e a da Suécia, que já sofreram, cada uma, sete golos do astro português, mais do que qualquer outra. Bem perto, ainda assim, estão Hungria, Luxemburgo e Andorra, todas com seis golos sofridos. Segue-se a Letónia, com cinco golos sofridos.

Ao todo, e depois de ter marcado pela primeira vez (e logo a dobrar) à Irlanda, Cristiano Ronaldo já fez o gosto ao pé (ou à cabeça, neste caso) com a camisola de Portugal contra um total de 45 seleções, tendo defrontado 68. Ou seja, houve 23 que, pelo menos para já, escaparam à veia goleadora de CR7: Albânia (quatro jogos), Brasil e Inglaterra (três), Cabo Verde, Itália, Liechtenstein e Turquia (dois), África do Sul, Angola, Argélia, Áustria, Bulgária, Canadá, Chile, China, Costa do Marfim, Estados Unidos, Geórgia, Macedónia do Norte, México, Moçambique, Noruega e Uruguai (um).

E o 'entregador de encomendas' preferido de Cristiano, quem é?

Foram já 32 os colegas de Seleção que serviram Cristiano Ronaldo para os seus golos por Portugal. E a longevidade que o capitão já tem na equipa, que se estende por uns incríveis 18 anos (a estreia foi em 2003) faz com que entre os autores das assistências para o capitão da Seleção vão desde Luís Figo a João Félix, passando por nomes como Deco ou Simão Sabrosa.

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Mas ninguém entregou mais 'encomendas' a Ronaldo do que o seu amigo Ricardo Quaresma e João Moutinho. Dos pés de cada um deles saíram oito assistências para CR7. Seguem-se Bernardo Silva e Nani, ambos com seis.

Os 'assistentes' frente à Irlanda não foram novidade: João Mário, que cruzou para o segundo golo, serviu Ronaldo pela quarta vez e Gonçalo Guedes, que fez o passe para o golo do empate, assistiu CR7 pela terceira ocasião.

Os golos que foram marcos históricos

O primeiro golo de Cristiano Ronaldo por Portugal foi apontado a 12 de junho de 2004, na sua estreia em fases finais de Europeus, no Euro2004, num jogo de má memória para Portugal (derrota por 2-1 ante a Grécia no jogo de abertura da prova). A assistência foi de Figo, numa espécie de passagem de testemunho, e o golo foi de cabeça.

Ronaldo chegou aos dez golos por Portugal dois anos depois, em 2006, num amigável ante a Arábia Saudita. Curiosamente, a assistência foi outra vez de Figo e o golo foi outra vez de cabeça.

O 25º golo foi diante da Islândia, de livre direto, em 2010 e o 50º chegou em 2014, na fase final do Mundial desse ano, no Brasil, diante do Gana, marcado de pé esquerdo e a passe de João Moutinho. Antes, porém, outro golo com um número menos redondo, mas mais marcante: o 48.º.

Foi num amigável diante dos Camarões que Cristiano Ronaldo marcou o seu golo número 48 por Portugal, superando os 47 de Pauleta e tornando-se assim no melhor marcador de sempre da Seleção nacional. A honra do passe coube a João Pereira.

Depois, o 75.º foi obtido de penálti, diante da Nova Zelândia, em 2017, para a Taça das Confederações. E o 100.º chegou há menos de um ano, a 20 de setembro de 2020, ante a Suécia, na transformação de um espetacular livre direto.

O 109.º golo, com que igualou então Ali Daei, foi marcado de penálti diante da França no Europeu de 2020 e, agora, o 110º (e o 111º, logo a seguir), com que deixou em definitivo o iraniano para trás, foi marcado de cabeça, na noite de 1 de setembro de 2021. Certamente, não se ficará por aqui...

*Dados: UEFA