Gilberto Madaíl abandonou em dezembro de 2011 a presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), depois de quase 16 anos à frente do organismo, mas mantém-se atento à vida da Seleção Nacional. No dia de arranque para mais uma fase de apuramento, com vista ao Mundial 2014, o ex-dirigente fala ao SAPO Desporto sobre as suas expetativas de mais uma caminhada portuguesa e confessa alguma mágoa pela falta de reconhecimento ao trabalho feito ao longo dos seus mandatos.
- Esta será a primeira fase de qualificação sem a sua liderança na FPF. Há algum sentimento de saudosismo?
Sinto saudades e há alguma nostalgia, mas encaro esta fase de apuramento com grande otimismo. Já estive em vários arranques da Seleção para fases finais, mas a equipa está forte e motivada e vai enfrentar um adversário que está perfeitamente ao alcance. É preciso é que os jogadores estejam concentrados e não facilitem.
- Sofre mais a ver o jogo “de fora”?
Sofrer sofre-se sempre na mesma, o que desejo é uma boa estreia e que a Seleção faça um bom jogo e um bom resultado.
Sinto que contribuí bastante para criar condições para a seleção estar a atingir níveis de alto desenvolvimento. Não é só ter bons jogadores e um bom selecionador… Essas condições foram criadas. Daí termos feito um bom Europeu e estamos com boas perspetivas de realizar uma boa fase de qualificação.
- A sua liderança foi também marcada por algumas críticas à FPF. Sentiu-se injustiçado quando abandonou a presidência da Federação?
Há muita coisa que não se reconheceu na FPF e não foi feita justiça, mas são águas passadas e não vale a pena falar nisso. No entanto, sinto sempre um pouco de injustiça. Não terá sido dado o justo valor do que foi feito pela FPF em prol das seleções.
- Depois de quase 16 anos à frente da FPF, o que lamentou não ter feito?
A Casa das Seleções [agora designada Cidade do Futebol]. Foi um projeto que não andou por diversos motivos impeditivos. Esta nova direção tomou um rumo diferente e foi feito um protocolo de intenções. Eu também assinei vários e espero que se faça alguma coisa. O trabalho feito ao longo dos anos merece que jogadores, técnicos e a respetiva estrutura tenham uma casa própria.
- Portugal é hoje a 4ª seleção do Mundo. O que falta fazer para chegar mais longe e seguir o exemplo de Espanha?
O que falta fazer é ser campeão da Europa e do Mundo! (risos) A Cidade do Futebol vai ajudar, sem dúvida. As seleções estão dotadas de todos os meios necessários, mas que estão dispersos. Esta nova Cidade do Futebol vai permitir uma maior concentração e foi isso que sempre defendi para as seleções.
- Apostou em Paulo Bento para guiar a seleção após um período conturbado com Carlos Queiroz. Acreditava que a aposta pudesse correr tão bem, face à boa campanha no Euro2012?
Sempre achei que Paulo Bento era uma pessoa com perfil para selecionador e merece que as pessoas acreditem nele, pela sua honestidade e competência. Já como jogador tinha esse perfil. Era um líder discreto, mas um líder.
- Conhece bem o Cristiano Ronaldo por todos os anos de convivência na Seleção. Qual a sua explicação para a tristeza que ele manifestou no Real Madrid?
Conjeturas há muitas e não vale a pena estar a especular. O Ronaldo lá saberá as razões pela qual se sente triste. Tem-se dito muita coisa. A vinda à Seleção neste período em que estava mais desanimado no Real vai ser refrescante para ele e só desejo que consiga marcar hoje para recuperar a vivacidade que todos lhe conhecemos.
- Ronaldo deve revelar os motivos da sua tristeza para acabar com a especulação e a azáfama em torno da Seleção?
É um problema do Cristiano e do clube, não é da Seleção. Revelar os motivos só cabe a ele e temos de respeitar, porque ele tem contribuído muito para Portugal estar hoje na senda dos bons resultados.
- Se estivesse hoje com os jogadores, qual seria a sua mensagem para o jogo com o Luxemburgo?
Tal como Paulo Bento, diria para que jogassem como se estivessem numa fase final. Para que não haja “sustos” frente ao Luxemburgo.
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