Há coisas que são certas na vida. E, em Itália, uma delas é que a Juventus, mais tarde ou mais cedo (este ano será 'mais tarde', por culpa da pandemia de COVID-19', vai acabar por ser campeã. Não será bem assim, mas parece. Pelo menos na última década.

Uma vitória ao final desta tarde, na visita à Udinese, equipa que ainda luta pela permanência, garante à equipa de Turim aquele que será nada mais, nada menos do que o seu nono título consecutivo na Serie A. Para Cristiano Ronaldo será o seu segundo título de campeão italiano em duas temporadas na Juve.

Um percurso com sobressaltos, mas que caminha para o desenlace do costume

O empate de ontem do Inter de Milão na receção à Fiorentina deixou, então, a Juventus a apenas três pontos de selar a conquista do 36º título de campeã da Itália. Em caso de vitória em Udine a Juve ficará, a três jornadas do final da Serie A, com nove pontos de vantagem sobre a segunda classificada, Atalanta, sobre quem leva a melhor no confronto direto, e dez de vantagem sobre o terceiro classificado, o Inter.

Mas, apesar de o título poder chegar a três jornadas do fim, o percurso não terá esta época sido tão fácil como em anteriores ocasiões. Os rivais pareceram, durante grande parte da temporada, dispostos a dar desta feita mais luta à 'vechia signora', cujo futebol apresentado sob as ordens do novo treinador, Maurizio Sarri, esteve longe de convencer os críticos e os próprios adeptos.

De início foi o Inter a demonstrar força e a tentar mostrar que podia surpreender, voltar à glória do passado e acabar com a hegemonia da Juventus. O conjunto de Milão, efetivamente, entrou com tudo. Liderou a prova até à sexta jornada, com seis vitórias em seis jogos. Mas, ao sétimo jogo, recebeu a Juventus, perdeu por 2-1 e viu-se ultrapassado no topo. A Juve chegava à liderança à sétima jornada.

Porém, os 'nerazurri' não pareciam dispostos a baixar os braços. Seguiram a um ponto do rival nas seis jornadas seguintes, sem nunca escorregarem, e à 14.ª jornada aproveitaram o terceiro empate da época da Juventus na prova - 2-2 em casa com um surpreendente Sassuolo - para reassumirem a liderança.

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A Juventus passava, talvez, um dos piores momentos da época e a esse empate seguiu-se a primeira derrota da temporada na Serie A: 3-1 na visita à Lázio, que desta forma mostrava que também se queria afirmar como candidata a roubar o trono à turma de Turim.

A primeira volta, contudo, terminaria com o cenário do costume. O Inter escorregou e a Juvetus terminou a 19.ª jornada na frente da tabela, com 48 pontos (fruto de 15 vitórias, 3 empate e 1 derrota), mais dois do que o Inter e mais cinco do que a Lazio. Em jeito de comparação, no final da 1ª volta da temporada anterior, 18/19, o avanço da Juve para o segundo, então o Nápoles, era de 9 pontos...

Apesar de liderar, a Juventus continuava a não convencer, e os mais diretos perseguidores teimavam em não ceder. No início de fevereiro, à 24.ª jornada, soavam os alarmes em Turim: derrota surpreendente na visita ao Hellas Verona e a Juve via-se novamente alcançada pelo Inter no topo da classificação, com a Lazio a apenas um ponto do duo da frente. No quarto posto surgia uma Atalanta em crescendo, com um futebol de ataque que conquistava cada vez mais admiradores.

Três jornadas depois, a 8 de março, surgia a interrupção da prova devido à pandemia de COVID-19. Por essa altura a Juventus já liderava novamente isolada, com a Lazio a um ponto e o Inter, em quebra, a oito (mas com menos um jogo) depois de perder com os dois da frente. A Atalanta era quarta, a 15 pontos (mais também com menos um jogo).

A competição foi retomada em junho, precisamente com os jogos em atraso de Inter e Atalanta, que ambos venceram. A Juventus reforçou a liderança logo no primeiro jogo após o regresso à ação na prova. Vitória em Bolonha, derrota da Lazio na visita à Atalanta e quatro pontos de vantagem para os de Turim na frente.

Quatro pontos que passaram a sete à 30.ª jornada, com novo deslize da Lazio e com o Inter em quebra evidente. Pensou-se que tudo estaria aí decidido. Os jogadores da Juve, contudo, também o terão pensado e relaxaram. Seguiram-se três jogos seguidos sem ganhar (derrota com o Milan e empates com Sassuolo e Atalanta em jogos em que a derrota não esteve longe).

Mas terá sido apenas o adiar do inevitável. Lázio e Inter também estavam em quebra, não aproveitaram as escorregadelas da Juventus - o segundo lugar até pertence, agora, à Atalanta - e o regresso às vitórias na 34.ª jornada, com um triunfo sobre a Lazio, praticamente selou a questão. Que poderá então ficar definitivamente selada esta tarde, em Udine, com mais uma vitória.

Ronaldo à beira de mais um título, e de mais um troféu de melhor marcador

A confirmar-se, será para Cristiano Ronaldo o seu 30º troféu coletivo conquistado, e o sétimo título de campeão nacional (o segundo em Itália pela Juventus, depois de três em Inglaterra pelo Manchester United e de outros dois em Espanha pelo Real Madrid).

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O internacional português de 35 anos chegou aos 50 golos pela Juventus na Serie A ao bisar na jornada anterior, frente à Lazio, e leva 30 golos na Serie A esta temporada, em 30 jogos disputados, seguindo a par de Ciro Immobile, da Lazio, no topo da lista de melhores marcadores, procurando assim ganhar o título de máximo goleador da prova que lhe fugiu na temporada passada, em que se estreou em Itália e em que terminou a Serie A com 21 golos marcados.

Ronaldo tem estado em grande destaque desde o virar de ano. Em 2020, nos 16 jogos em que esteve em campo para a Serie A só não marcou em dois, tendo feito balançar as redes nos outros 14. E, desde o retomar da competição depois do interregno ditado pela COVID-19, só não marcou num, somando nove golos nos últimos nove jogos na prova.

Juventus  à beira de dobrar o número de títulos de Inter e Milan

Caso consiga mesmo carimbar - parece uma questão de tempo, mesmo que não seja já esta tarde, em Udine - a conquista de mais um título de campeã da Serie A, a Juventus chegará então aos 36 títulos de campeã. Quer isto dizer que, sozinha, terá tantos títulos como os dois rivais de Milão, Inter e AC Milan, juntos...uma superioridade a todos os títulos assinável e vincada com a hegemonia das últimas temporadas.

Confira o Histórico de títulos da Serie A italiana

Juventus
35 (1905, 1925-26, 1930-31, 1931-32, 1932-33, 1933-34, 1934-35, 1949-50, 1951-52, 1957-58, 1959-60, 1960-61, 1966-67, 1971-72, 1972-73, 1974-75, 1976-77, 1977-78, 1980-81, 1981-82, 1983-84, 1985-86, 1994-95, 1996-97, 1997-98, 2001-02, 2002-03, 2011-12, 2012-13, 2013-14, 2014-15, 2015-16, 2016-17, 2017-18, 2018-19)

Internazionale
18 (1909-10, 1919-20, 1929-30, 1937-38, 1939-40, 1952-53, 1953-54, 1962-63, 1964-65, 1965-66, 1970-71, 1979-80, 1988-89, 2005-06, 2006-07, 2007-08, 2008-09, 2009-10)

Milan     
18 (1901, 1906, 1907, 1950-51, 1954-55, 1956-57, 1958-59, 1961-62, 1967-68, 1978-79, 1987-88, 1991-92, 1992-93, 1993-94, 1995-96, 1998-99, 2003-04, 2010-11)

Genoa     
9 (1898, 1899, 1900, 1902, 1903, 1904, 1914-15, 1922-23, 1923-24)

Pro Vercelli     
7 (1908, 1909, 1910-11, 1911-12, 1912-13, 1920-21, 1921-22)

Bologna     
7 (1924-25, 1928-29,1935-36, 1936-37, 1938-39, 1940-41, 1963-64)

Torino     
7 (1927-28, 1942-43, 1945-46, 1946-47,1947-48, 1948-49, 1975-76)

Roma     
3 (1941-42, 1982-83, 2000-01)

Fiorentina     
2 (1955-56, 1968-69)

Nápoles    
2 (1986-87, 1989-90)

Lazio     
2 (1973-74, 1999-00)

Casale     
1 (1913-14)

Novese     
1 (1921-22)

Cagliari     
1 (1969-70)

Verona     
1 (1984-85)

Sampdoria     
1 (1990-91)