Os adeptos do FC Porto e Sporting de Braga, em salutar convívio na mata do Jamor, querem que as suas equipas conquistem a Taça de Portugal de futebol para fechar com chave de ouro a temporada.

Calmos, a absorver o ambiente, caminham quatro portistas devidamente equipados. Amigos há mais de 40 anos, António Sérgio, 46 anos, da Maia, e Domingos Gonçalves, 51, da Trofa, estão confiantes numa vitória dos ‘dragões’.

“É mais uma taça. Já temos duas esta época e vamos receber a terceira. Não tenho dúvidas disso”, diz António à agência Lusa, sob o olhar da filha Eduarda, de 18 anos.

“A expectativa é ganhar. Não pode ser outra, mas há sempre um ‘mas’. A confiança está alta. Viemos com a confiança de ganhar, mas estamos sempre sujeitos a uma surpresa”, alerta Domingos, corroborado pelo mais jovem André Gonçalves, 22 anos, outro trofense. “Está a ser incrível. É a minha primeira vez aqui e estou a gostar muito. Há muito bom convívio e tenho grandes expectativas para o jogo. Não digo 100 % positiva, mas digamos que a época será positiva se o FC Porto ganhar esta Taça de Portugal”, diz André, numa alusão implícita à conquista da Taça da Liga e da Supertaça e do segundo lugar na I Liga.

Mário Dias, 51 anos, e Filipa Teixeira saíram de Braga bem cedo, de carro, para virem assistir à grande final com outros familiares e amigos.

O tio já viu “várias, entre finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga”, mas a sobrinha é estreante: “vai ser um jogo difícil, mas 1-0 chega”, atira a jovem de 16 anos à Lusa, o mesmo prognóstico de Mário. “Era isso que gostava que acontecesse. Se o Braga perder, mas der tudo, isso já é importante”, frisa.

“Viemos à festa do futebol, esta envolvência convida a isso, mas é a única coisa que justifica o jogo ser neste estádio”, diz o tio.

Presença habitual nos jogos dos minhotos, Mário Dias alerta para a qualidade da equipa portista, mas confia na da comandada por Artur Jorge para tornar esta numa época histórica, juntando de forma inédita o terceiro lugar no campeonato à conquista da Taça de Portugal.

Para António Sérgio, a conquista da ‘Taça’ não salva a época portista, porque mesmo que isso não aconteça, o FC Porto tem outras duas: “os vermelhos do sul têm uma e os vermelhos do Minho ficam com outra, há quatro títulos no país, já temos dois, por isso ficaremos sempre à frente”, diz.

Mais abaixo, entre o mar de adeptos portistas que inundava as imediações mais próximas do estádio, surgiam três adeptos bracarenses, os irmãos Vasco, Maria e Alexandre, sendo que a prole dos Silva é composta pelos mais velhos Joca, que ficou em Braga a trabalhar, e Américo, num sítio mais longínquo.

“Olhe, não sei se vai ver o jogo porque vai ser operado hoje, partiu a clavícula num acidente. As pessoas falam mal do SNS em Portugal, mas na Áustria está à espera há mais de uma semana para ser operado a uma clavícula”, aponta Maria, que repete a presença no Jamor a apoiar o seu Sporting de Braga após a final de 2016, ganha ao FC Porto nas grandes penalidades. Os três são unânimes a apostar em Ricardo Horta e Álvaro Djaló como marcadores dos golos da vitória desejada.

André Gonçalves quer que a sua equipa marque cedo “para começar logo a meter pressão no jogo e jogar à FC Porto, sem medos” e Eduarda prevê uma vitória por 2-0, “com golos de Taremi e Evanilson”.

António Sérgio até gosta do Estádio Nacional e da sua mata que permite aos milhares de adeptos um convívio em forma de festa popular, com muita comida e bebida, mas considera que, por serem ambas as equipas do norte, o local devia também ser lá.

“Acho que ainda unia mais as pessoas se esta final fosse no norte. Dava para fazer isso, mas, infelizmente, querem trazer tudo para o sul, porque o sul é que é o melhor, mas o mais puro está no norte”, sentenciou.