O que fez a diferença foi a superior qualidade individual dos portistas em relação aos do estreante Paços de Ferreira, os quais conseguiram, na primeira parte, não apenas equilibrar o jogo como deter a iniciativa em várias fases.
Essa diferença de qualidade traduziu-se sobretudo no penúltimo e último passe ou no último cruzamento e na finalização.
O FC Porto marcou na primeira vez que foi à área do Paços, aos seis minutos, num lançamento longo de Raul Meireles para as costas da defesa pacense a solicitar a desmarcação de Lisandro, que, perante a saída de Cássio, não perdoou.
Em contraponto, o pacense Pedrinha, aos 15 minutos, num lance de ataque envolvente em que a bola rodou do flanco direito até ao esquerdo, “tirou” Fucile da frente dentro da área e, com ângulo muito favorável, espaço e tempo, rematou ao lado.
Aos 41 minutos, outro lance paradigmático: contra-ataque do Paços, situação de três contra três, mas Filipe Anunciação quis “picar” a bola por cima de um adversário a solicitar Cristiano, mas o “chapéu” saiu mal executado.
É verdade que o FC Porto poderia ter acabado com o jogo a um minuto do intervalo: Hulk tinha tudo para fazer o golo e complicou, ao querer ceder a bola a Lisandro em vez de chutar.
A história da primeira parte fez-se com o “onze” de Paulo Sérgio a deter a iniciativa do jogo e o FC Porto a permiti-lo e só a espaços a ser capaz de fazer funcionar as suas rápidas transições ofensivas.
A facilidade com que o Paços chegava à área portista era consequência da inexistência de pressing de um FC Porto em baixa rotação e a dar muitos espaços para o adversário desenvolver o seu jogo.
É um facto que o FC Porto transmitiu sempre a ideia de jogar a um ritmo de acordo com as necessidades do jogo e de que teria capacidade de dar uma “sapatada” nesse ritmo se a isso se visse obrigado.
Na segunda parte, o conjunto de Jesualdo Ferreira meteu outro andamento no jogo e mais pressing sobre o transportador da bola, o que impediu o Paços de Ferreira de fazer o que tinha feito durante toda a primeira parte.
Por outro lado, o facto de o FC Porto ter passado a recuperar a bola numa zona mais adiantada do terreno permitiu-lhe estar sempre muito mais próximo da área contrária e criar mais lances de perigo.
Essa diferença de postura traduziu-se nos primeiros 10 minutos da segunda parte em duas oportunidades flagrantes para o FC Porto, mas Raul Meireles rematou ao poste e Rodriguez, só com Cássio pela frente, não foi capaz de marcar.
Os tetracampeões nacionais controlaram completamente a segunda parte, sem nunca terem necessidade de meter o pé no acelerador e o resultado não foi além do golo madrugador de Lisandro porque Hulk esteve desinspirado em vários lances, que deveriam ter tido outra sequência e finalização.
Na segunda parte, o Paços de Ferreira nunca revelou, como fez na primeira, capacidade para chegar ao empate, mas deu boa réplica e valorizou a final. O detalhe na diferença de capacidade individual entre os seus médios e atacantes em relação aos do FC Porto foi determinante.
Nem mesmo a entrada do goleador William (fez falta na primeira parte), aos 65 minutos, alterou a falta de acutilância ofensiva do Paços no último terço porque nessa altura o FC Porto já não permitia ao Paços de Ferreira chegar à sua área em condições para criar perigo.
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