“Através deste livro vai aprender como pode prevenir doenças relacionadas com o estilo de vida através da dieta, como aplicar uma dieta vegana para atletas e os cuidados que deve ter para prevenir deficiências nutricionais”, esta é a premissa do livro de Rafael Pinto.

Em conversa com o SAPO Desporto, Rafael Pinto, uma das figuras mais conhecidas do fitness e veganismo em Portugal, denomina-se, com orgulho, um auto-didata do fitness e nutrição. É o autor do e-book “Fitness-O Guia Científico Completo” e do livro “Saúde e Fitness Vegan”, o primeiro livro que analisa e explica a ciência existente sobre dietas de base vegetal na vertente da saúde e performance desportiva, com mais de 1200 referências científicas.

Com 21 mil seguidores no Instagram e 24 mil subscritos no YouTube, este mestrando de Direito da União Europeia, na Universidade do Minho, quer mostrar que é possível conciliar na perfeição o fitness e ter uma dieta 100% vegetal.

"Sou vegan há cinco anos. O que acendeu a minha chama para o veganismo foi uma palestra de nutrição, em que o médico mostrava muita ciência que comprovava que comer produtos de origem animal (e processados) em grande quantidade não era saudável e que uma dieta à base vegetal poderia ajudar a prevenir, e em alguns casos reverter, as principais doenças que afetam a nossa sociedade. Até aí nunca tinha pensado em ser vegetariano/vegano, mas fui confrontado com a ideia de que não temos a necessidade física e biológica de consumir produtos de origem animal para sobreviver. Então porque estamos a matar todos estes animais e causar tanto impacto ambiental? Como não encontrei nenhuma justificação lógica para continuar a consumir produtos de origem animal, tornei-me imediatamente vegan", disse-nos o atleta de 24 anos.

Natural da vila de Celorico de Basto, Rafael Pinto confessa-nos que nunca se deixou seduzir pelo lado profissional do culturismo/bodybuilding, porque o mais importante é a saúde.

"Nunca tive essa aspiração. As competições a nível do culturismo/bodybuilding têm muito pouco reconhecimento e na maioria delas só tens hipóteses se tomares esteróides anabolizantes, então para mim não era apelativo. Valorizo a saúde e já não treino dessa forma por uma questão física e estética. Agora faço-o simplesmente para adquirir clareza mental".

Difícil fica convencer toda uma comunidade de musculação, que cresceu com a informação de que para ganhar músculo é necessário alimentar-se com produtos de origem animal como lacticínios, ovos e carnes brancas.

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"Existem duas formas de mudar essa visão. Pela forma cientifica, mostrando que não há diferença de performance entre quem consume produtos de origem animal e os que seguem uma dieta à base vegetal. Isto seria perfeito, era sinal de que éramos todos racionais. A verdade é que nada convence mais do que resultados. E isso é uma das minhas motivações para o próprio treino. Atingir resultado, é muito mais eficaz do que ciência".

O livro Saúde & Fitness Vegan - O guia completo para atingir saúde e performance máximas com uma dieta Vegan foi lançado em outubro de 2020 e rapidamente se transformou num documento obrigatório para quem quer ficar em forma e adotar uma dieta vegana, sendo este o primeiro livro no mundo a reunir o veganismo e fitness.

"O segredo do sucesso é não ter opiniões minhas e ter apenas resultados de estudos científicos. Quem ler o livro vai perceber que a escrita é muito estéril. Diria até que é quase um trabalho jornalístico. O livro é revisto por um nutricionista especializado em desporto e um médico".

Rafael Pinto confessa ainda que existe "alguma relutância e preconceito" quanto aos atletas vegan, "mas é por falta de informação, sendo apenas uma questão de tempo" para uma mudança de opinião.

Rafael Pinto deixa ainda mais sugestões de contas no Instagram e YouTube, além da dele, para quem está interessado neste estilo de vida: André Machado, Miguel The VeganVegan Lucas.

Quanto à mudança de mentalidades, "é necessário fazer muita coisa a nível político", explica Rafael Pinto, ele que é militante do PAN (Pessoas Animais e Natureza).

“Desde campanhas de sensibilização para o impacto ambiental do consumo de carne, assim como campanhas de incentivo ao consumo de vegetais e frutas. Um fim faseado ao fim de subsídios à produção da agropecuária e, por outro lado, aumento de subsídios aos produtores de leguminosas, frutícolas e hortículas, que não recebem praticamente nada em comparação. Possivelmente será um tópico de livro em 2022, tendo em conta que é a minha tese de mestrado”, confessa-nos.