As advogadas de dois dos 12 arguidos no julgamento da Operação Pretoriano manifestaram hoje confiança na possibilidade de as testemunhas arroladas pela defesa poderem ilibar os clientes, esperando “surpresas” nas próximas sessões.

“Estou tranquila, mas penso que ainda vamos ter muitas surpresas aqui, mesmo em relação aos outros arguidos. Devem esperar, este julgamento vai ser interessante”, declarou Adélia Moreira, que representa José Pedro Pereira, à entrada para o segundo dia de julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto.

Na opinião da advogada, o cliente “já confessou os factos que praticou”, um “ato isolado", negando “qualquer conhecimento de qualquer plano”, como refere a acusação, e não espera que os arguidos sejam condenados em todos os crimes.

“Não há qualquer ligação entre o meu cliente e os outros arguidos, isso já foi apurado até pela investigação. Nós ainda não tivemos direito ao contraditório. Nunca pudemos chamar testemunhas, interrogá-las. Alguns comportamentos, mesmo das testemunhas, são questionáveis”, reforça.

A presença de elementos da estrutura do FC Porto no processo “nunca aconteceu”, até porque “ninguém da Mesa da Assembleia Geral foi chamada” a depor.

“Como é que não foi suspensa mais cedo? Como acabou por ser, depois daquele episódio do Henrique Ramos. Se correu assim tão mal, porque é que quem tinha o controlo não suspendeu a assembleia? Nenhum dos arguidos tinha esse controlo”, defendeu.

Já Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul, diz que a haver surpresas, serão “todas em benefício dos arguidos”, e mostra-se confiante em que se o cliente “não sair aqui, sai em recurso”.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões e a mulher, Sandra Madureira, começaram segunda-feira a responder por 19 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, perante forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma assembleia-geral do FC Porto, em novembro de 2023.

Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento todos os arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.