A União Europeia deve criar uma “estratégia de diplomacia desportiva” que possa “exprimir os valores” europeus, nota o relatório final de um projeto internacional dedicado ao tema nos últimos dois anos.
O projeto “Towards na EU Sport Diplomacy” (‘A Caminho de uma Diplomacia Desportiva na União Europeia’, em tradução livre) juntou universidades de seis países europeus diferentes e foi financiado pelo programa Erasmus +, da União Europeia, tendo seguido um grupo anterior sobre o mesmo tema, que em 2016 apresentou um relatório à Comissão Europeia.
Desde aí, nota o relatório, a UE deu “alguns primeiros passos” na abordagem e prática da diplomacia desportiva, mas ainda com falta de “orientação estratégica”, lê-se na conclusão do documento.
O terceiro capítulo do relatório, de resto, é assinado pela académica Cármen Perez-Gonzalez, da Universidade Carlos III, de Madrid, e realça a forma como a Presidência Portuguesa da União Europeia, entre janeiro e junho de 2021, “colocou a diplomacia desportiva como prioridade”, realçando um debate no Conselho e mais tarde, uma conferência em Lisboa, já em junho.
No final, são elencadas 16 recomendações de vários tipos às instituições europeias, com destaque para a implementação de uma estratégia definida e ancorada nas “melhores práticas, notavelmente as estratégias de Austrália e Estados Unidos”.
“Um modelo em rede e baseado em valores deve ser considerado, com uma vasta rede de atores públicos e privados envolvidos sobretudo em ações pessoa-a-pessoa e no desporto de formação”, pode ler-se.
Outro dos pontos é o potencial da diplomacia desportiva em “complementar e acrescentar valor aos projetos já estabelecidos, ou a surgir, nos vários países-membros”, que apresentam já “muitas ligações valiosas, a nível social, político e económico”, partilhando “muitos valores, interesses temáticos e prioridades geográficas”.
A ligação aos vários ramos e departamentos de ação europeus, das alterações climáticas à violência, aos direitos humanos e às relações internacionais, e a sua integração no portfólio global de diplomacia são outras das sugestões deixadas.
O projeto juntou instituições de ensino superior e investigação de Reino Unido, França, Países Baixos, Espanha, Croácia, Bélgica, Macedónia do Norte e várias instituições europeias.
Além do relatório agora publicado, o projeto trabalhou uma série de eventos e outros trabalhos de investigação, com o objetivo de “ajudar a União Europeia a adotar uma abordagem estratégica”.
“O desporto pode amplificar mensagens diplomáticas essenciais para a UE e ajudar a forjar melhores relações diplomáticas com outros países”, pode ler-se na página ‘online’ dedicada ao projeto da Universidade Edge Hill, que liderou o projeto através do académico Richard Parrish.
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