Eram 4h17 da manhã em Portugal. 12h17 em Tóquio. Jorge Fonseca, bicampeão do mundo e uma das grandes esperanças portuguesas para a conquista de uma medalha olímpica em Tóquio2020, pisava pela primeira vez ao tatami do Nippon Budokan, na capital japonesa. Pela frente o belga Toma Nikiforov, nada mais nada menos do que o atual campeão da Europa.
Combate difícil? Talvez. Mas Jorge Fonseca 'despachou-o' com um Ippon ao fim de apenas 17 segundos. Fácil, rápido, eficaz e apuramento para os quartos de final no bolso.
Mas se o primeiro combate foi supersónico, o segundo seria uma maratona. Foram necessários quase oito minutos para Jorge Fonseca seguir em frente. Frente a Niyaz Ilyasov, do Comité Olímpico Russo, contra quem tinha um historial de uma vitória e uma derrota (tinha-lhe ganho nos mundiais de 2019, mas perdido, mais recentemente, nos europeus de 2021), o judoca português precisou de recorrer ao 'golden score' (uma espécie de prolongamento com golo de ouro) para passar às meias-finais.
A vitória surgiu por Wazari, aos 3.54 minutos do tal 'Golden Score', ou seja, depois de 7'54'' minutos de combate. Mas as meias-finais estavam garantidas a medalha a uma vitória de distância.
Nas meias-finais, contudo, surgiu o momento amargo do dia. Logo a abrir o combate, contra o coreano - o último homem a conquistar o título mundial antes de Jorge Fonseca - percebeu-se que o judoca português estava com problemas numa das mãos. Cãibras, por culpa do nervosismo, viria a explicar depois. Ainda assim, Fonseca aguentou-se até 18 segundos do fim, altura em que sofreu um Wazari do qual já não teve tempo para recuperar.
Caía por terra o sonho do ouro, mas em aberto estava ainda a conquista do bronze. E esse não viria a fugir! Jorge Fonseca entrou ao ataque frente ao canadiano Shady Elnahas e tentou, cedo, duas projeções, ainda que sem sucesso. Por volta do meio do combate levou um castigo que o deixou em desvantagem, mas continuou a atacar e a procurar a projeção do adversário, que conseguiu a 30 segundos do fim, com um Wazari. Na frente do marcador, o judoca luso do Sporting segurou a vantagem até ao fim e ganhou o mesmo bronze, apesar de ter ainda levado mais um castigo.
Os relógios marcavam 10h43 da manhã em Portugal, 18h43 em Tóquio. Seis horas e meia depois do seu primeiro combate.
No final, Jorge Fonseca mostrou-se feliz com a conquista, embora admitindo que o seu objetivo era o bronze, e disse que já só pensava em fazer melhor em Paris2024. Depois, o momento da subida ao pódio. Com a alegria estampada no rosto, boa disposição, ou tentar 'enganar-se' e pegar na medalha de ouro' e algumas lágrimas, que não conseguiu evitar. "Foram por ver o ouro passar à minha frente e não o conseguir agarrar", brincou, antes de dedicar o bronze a todos os portugueses. Obrigado, Jorge!
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