A delegação portuguesa de surf que vai participar nos Jogos Olímpicos Paris2024 teve uma viagem atribulada e repleta de peripécias até à Polinésia Francesa, local das competições da modalidade, explicou hoje à Lusa o selecionador David Raimundo.
A comitiva tinha partida prevista do aeroporto de Lisboa na sexta-feira, às 11:10, mas só chegou ao Taiti dois dias depois, no domingo, pelas 05:15 locais (15:15 em Lisboa), com duas escalas em Londres e Los Angeles, devido à falha informática da Microsoft que afetou vários setores em todo o mundo, ao fazer atrasar em cerca de duas horas a viagem até à capital inglesa, o que os fez perder o primeiro voo de ligação para os Estados Unidos.
“Tivemos de passar uma noite em Londres. Demorou mais um dia do que estávamos à espera, mas também serviu para fomentar ainda mais o nosso espírito de grupo e de equipa. Ainda deu para rir com todas as peripécias que aconteceram. Vai um pouco ao encontro do nosso lema: ‘O que não mata, faz-nos mais fortes’. Chegámos ao Taiti com muitas histórias para contar, mas com uma motivação muito grande”, salientou à Lusa.
Com o voo de Londres para Los Angeles perdido, o selecionador e as surfistas Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot ficaram várias horas na fila de ‘check-in’, mas a companhia em que viajaram apenas conseguia remarcar nova viagem para terça-feira, o que os fez procurar nova solução, resolvida rapidamente pelo Comité Olímpico de Portugal (COP).
“A companhia não se responsabilizava por nada, por isso iam remarcar consoante a disponibilidade que tinham. O COP disponibilizou-se logo para comprar a nova viagem, fomos noutra companhia e arrancámos no dia seguinte. É um profissionalismo muito grande, sempre disponíveis para ajudar e ir ao encontro das necessidades dos atletas. Era totalmente impensável arrancarmos de Londres na terça-feira e só chegarmos aqui ao Taiti na quarta-feira, para o campeonato começar no fim de semana”, contou ainda.
Chegados a Los Angeles, depararam-se com uma fila de três horas e meia no controlo de passaportes, mais longa do que o normal, precavida com a escolha do terceiro voo, que podia ter sido apenas quatro horas antes do anterior, mas optaram por ir noutro.
No entanto, já no Taiti, nem toda a bagagem chegou ao destino, pois apenas duas das cinco capas de surf vieram nesse voo, mesmo assim suficiente para os treinos iniciais.
“Tivemos de fazer novo ‘check-in’ das bagagens nos Estados Unidos, que é obrigatório por lei. Tinha chegado tudo a Los Angeles, mas, das cinco capas de surf, só chegaram duas ao Taiti. Felizmente, quando viajamos para campeonatos, já nos organizamos e elas viajam com pranchas de uma na capa da outra e vice-versa. Chegou uma capa de cada uma delas e, dentro delas, estava mais uma prancha da outra. Não temos todo o material, mas temos material para fazer a primeira sessão de treino”, frisou o técnico.
A restante bagagem deve chegar no voo de hoje, espera David Raimundo, que relatou histórias e percalços semelhantes de outros países para chegar à Polinésia Francesa, como a seleção sul-africana ou o surfista marroquino Ramzi Boukhiam, destacando a resiliência e determinação de Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot face às adversidades.
“São duas atletas muito fortes psicologicamente e que já têm muita experiência nesta vida de aeroporto. Às vezes, acontecem imprevistos. Este foi só mais um. Claro que era preferível termos chegado um dia antes, era mais um dia de preparação que tínhamos, mas não vai afetar em nada a vontade e concentração em tirarmos um bom resultado daqui. Deixa-nos um pouco mais cansados, mas fomos dormindo nas horas certas, com o fuso horário do Taiti, para que o ‘jet lag’ seja debelado de forma mais rápida”, disse David Raimundo.
Yolanda Hopkins, quinta na estreia olímpica da modalidade em Tóquio2020, e Teresa Bonvalot, nona, são as representantes lusas na competição feminina, que vai ser disputada entre sábado e 30 de julho, na praia de Teahupo’o, na ilha do Taiti, pertencente à Polinésia Francesa, coletividade ultramarina de França.
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