O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) saudou hoje os valores do Instituto Nacional de Estatística (INE) que comprovam “o contributo que o desporto tem dado à economia” do país, lamentando a falta de investimento do Estado.
O setor desportivo gerou 1,9 mil milhões de euros de volume de negócios, aumentando 11,9% em relação a 2020, segundo dados divulgados pelo INE, na quarta-feira
Segundo dados do Sistema de Contas Integradas das Empresas, publicados no relatório “Desporto em Números 2022”, as empresas do setor desportivo registaram um volume de negócios em 2021 bem acima do ano transato, e um valor acrescentado bruto (VAB) de 731,9 milhões de euros (ME).
“Recebo com agrado a globalidade dos indicadores publicados, traduzidos no plano financeiro por uma balança comercial positiva, da importação e exportação de bens desportivos. A circunstância de ter aumentado o VAB, haver mais empresas, maior volume de negócios, aumento dos salários dos trabalhadores”, comenta, à Lusa, José Manuel Constantino.
O dirigente do movimento olímpico nacional destaca os “indicadores positivos” do ponto de vista económico-financeiro da atividade desportiva nacional, que podem deixar “todos satisfeitos com o contributo que o desporto tem dado à economia do país”.
Em 2021, o financiamento do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) às federações chegou aos 41 ME, menos 3% do que no ano anterior, registando-se aumentos nos salários, no número de trabalhadores e nos preços, em contraponto com o número de clubes e uma balança comercial positiva de 175,7 ME, juntando valores de 2022 e 2021 divulgados pelo INE.
Se, por um lado, é um “fator muito positivo” o aumento do financiamento público das autarquias à prática desportiva, que subiu 7,4% para 323,3 ME em 2021, Constantino nota “o decréscimo do número de clubes e a redução do financiamento público às federações desportivas por parte da administração central, o que já tinha acontecido no ano anterior”.
“Temos aqui um problema, falado pelo COP há vários anos, que é o financiamento público do Estado central, e o modelo desse financiamento. (...) Com origem nas autarquias, está em linha com o financiamento público médio da generalidade dos países europeus. Significa que não é aí que temos uma situação penalizante”, critica.
O problema, reforça, é “o subfinanciamento do setor” por parte do Estado central, num problema de anos a que já não adianta “fazer um jogo floral de aritméticas”.
Este desequilíbrio entre autarquias e Governo, conclui, cria uma situação “muito penalizante” para os valores de participação desportiva portuguesa, o que encaixa também na situação pendente a clubes desportivos e à sua redução.
“Estamos acima da média europeia na prática informal, ar livre e informal. O indicador que nos penaliza é termos menos clubes do que a média dos países europeus, e termos uma prática desportiva e associativa em muito menor escala em comparação com a generalidade dos países europeus”, concretiza.
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