A Rússia condenou hoje a decisão “monstruosa” do Comité Paralímpico Internacional (IPC) de excluir os seus atletas, bem como os da Bielorrússia, dos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim2022.
“Obviamente que é uma situação monstruosa. É uma vergonha para o Comité Paralímpico Internacional. Não posso dizer mais nada”, afirmou numa conferência de imprensa virtual o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.
A decisão do IPC de excluir os atletas russos e bielorrussos do evento, que decorre de sexta-feira a 13 de março, surge após uma primeira posição em que tinha sido decidido que podiam participar como neutros.
“Ontem [quarta-feira], tomaram uma decisão e hoje tomam outra”, disse Dmitry Peskov, condenando as ações do IPC contra os atletas paralímpicos russos e bielorrussos.
De acordo com o presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons, a mudança no posicionamento do organismo ficou a dever-se ao facto de um grande número de países ter manifestado a intenção de não competir se atletas russos e bielorrussos participassem.
“No IPC, acreditamos firmemente que desporto e política não se devem misturar. No entanto, não por culpa nossa, a guerra chegou a estes Jogos e, nos bastidores, muitos governos estão a influenciar o evento”, disse Parsons.
O dirigente adiantou que, nas últimas 12 horas, um esmagador número de membros entrou em contacto com o IPC a pedir que reconsiderasse a decisão inicial, sobre pena de recusa de muitos atletas em competir contra russos e bielorrussos. A Rússia tinha 71 atletas qualificados para Pequim.
O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, apelou na quarta-feira a todas as federações desportivas para que excluam os atletas da Rússia e da Bielorrússia.
“Uma competição justa não poderá ocorrer se os atletas russos participarem livremente [em provas], enquanto colegas ucranianos são atacados”, disse Thomas Bach.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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