O bicampeão olímpico de luta livre Abdulrashid Sadulaev está impedido de participar no torneio europeu de qualificação para os Jogos de Paris2024 devido ao seu apoio à invasão russa da Ucrânia, anunciou hoje a federação internacional da modalidade (UWW).

"Abdulrashid Sadulaev foi excluído do torneio europeu de qualificação em Baku [Azerbeijão] para os Jogos Olímpicos por não cumprir os critérios de elegibilidade estabelecidos pelo Comité Olímpico Internacional [COI] para atletas individuais neutros", informou a UWW através do seu sítio de internet.

Campeão olímpico em 2016 na categoria de até 86 quilos, e depois coroado novamente em 2021 (até 97 quilos), Sadulaev foi declarado inelegível pelo painel independente "United World Wrestling Eligibility".

Uma investigação deste painel descobriu "novas informações" relacionadas com o "apoio" do lutador à guerra da Rússia contra a Ucrânia, assinalou a UWW.

E também foi apurado que o pentacampeão mundial ainda é membro oficial do Dínamo de Moscovo, clube desportivo ligado ao poder russo.

Tal como quase todos os organismos desportivos internacionais, a UWW seguiu a recomendação do COI de reintegrar, sob condições, atletas russos e bielorrussos em competições internacionais, depois de os ter banido no final de fevereiro de 2022, na sequência da invasão russa da Ucrânia.

Porém, o órgão impôs condições estritas: apenas os atletas que não apoiam ativamente a guerra na Ucrânia e não têm contrato com o exército ou agências de segurança nacional serão aceites.

"Cada atleta neutro individual está sujeito a um rigoroso processo de verificação pela UWW antes de cada torneio", vincou a UWW em um comunicado, com o COI a exigir "verificações completas de antecedentes e das redes sociais de indivíduos da Rússia e da Bielorrússia”.

O torneio europeu de qualificação olímpica, que oferece duas vagas para Paris2024 em cada categoria, vai decorrer entre 05 e 07 de abril em Baku, capital do Azerbeijão.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.