O português Duarte Taleigo é o único sénior a praticar todas as cinco disciplinas do pentatlo moderno, modalidade olímpica que vive “transição” e em que quer representar Portugal nuns Jogos Olímpicos, começando o caminho nos Jogos Europeus.

O jovem luso de 19 anos compete hoje na qualificação para a meia-final desta modalidade que tem em Cracóvia2023 o seu Campeonato da Europa, além de uma prova que “já conta” no caminho para Paris2024.

“O meu objetivo é conseguir qualificar-me para os Jogos Olímpicos. Esta competição já conta, é uma prova bastante importante para o meu futuro”, assumiu, em entrevista à Lusa.

Com o pentatlo moderno em fase transitória, face à substituição da equitação por uma corrida de atletismo de obstáculos, que deixará definitivamente os cavalos em Paris2024 por uma nova era, Taleigo é o único sénior no país que compete com equitação e pratica todas as modalidades.

A mudança polémica, afirma, até pode “dar maior abertura a novos atletas”, sem o custo e o risco de conseguir competir na equitação, numa modalidade histórica no movimento olímpico e com “imensos praticantes” nas principais potências desportivas mundiais.

“É onde pretendo treinar [no estrangeiro]. Sinto-me positivo quanto ao futuro, provavelmente esta nova disciplina... bom, não é garantido que vá elevar a modalidade, mas dá maior abertura a novos atletas. A equitação é muito específica, com muito risco. Vejo um futuro positivo para a modalidade”, comentou.

Em Portugal, é certo, “a modalidade está a um nível muito baixo”, garante o atleta de 19 anos do Clube de Natação da Amadora, mas o país acabou por receber uma prova internacional já com o novo formato, em Leiria, em abril, na qual participou.

“Gostei bastante, tenho de admitir. Foi das primeiras vezes que experimentei. Não me safei mal, acabou por ser diferente. Com treino, acaba por ser uma coisa interessante, e poderei melhorar bastante”, explica.

Até Paris2024, contudo, ainda competirá com equitação seguindo o seu sonho olímpico num pentatlo moderno cuja diversidade é o chamariz, acrescenta.

De resto, Portugal tem história em Jogos Olímpicos no que ao pentatlo diz respeito, entre individual e equipas, com Sebastião Freitas Herédia como pioneiro, em Amesterdão1928 (31.º lugar), repetindo em Los Angeles1932, aí também com Rafael Afonso de Sousa (22.º).

Depois de participar por equipas e individual em Helsínquia1952, em que José Serra Pereira, Ricardo Durão e António Jonet foram 15.º por seleções, seguiu-se um ‘fosso’ até Los Angeles1984, em que Luís Monteiro, Roberto Durão e Manuel Barroso fizeram Portugal regressar.

Manuel Barroso carregou depois a chama em Seoul1988, Barcelona1992 e Atlanta1996, com o 19.º lugar, vivendo-se agora um vazio que caminha para três décadas sem representação portuguesa em Jogos.

Portugal soma até ao momento nove pódios em Cracóvia2023, nomeadamente três ouros, três pratas e três bronzes, além de outros dois ‘metais’ já assegurados, no muaythai.

A terceira edição dos Jogos Europeus decorre até domingo em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, entre eles Portugal, que possui uma delegação com mais de duas centenas de atletas.