A 31.ª meia maratona de Lisboa, que percorre no domingo as ruas da cidade, aponta baterias aos recordes mundiais da distância, mas também à pratica desportiva em Portugal, que, advertiram hoje os organizadores, é motivo de preocupação.

“Mais do que uma prova de atletismo, é uma impressão digital de Lisboa. Não apenas no turismo desportivo, mas também no lazer e, acima de tudo, na saúde”, observou Carlos Móia, presidente do Maratona Clube de Portugal, responsável pela organização da prova, em conferência de imprensa.

Carlos Móia sustentou que a prova “democratizou a prática de atletismo em Portugal” e manifestou-se preocupado com um estudo do Eurobarómetro do Desporto e Atividade Física, segundo o qual 73% dos portugueses não praticam exercício físico, o pior resultado dos países europeus analisados.

“É algo que nos deve preocupar”, avisou o responsável máximo da organização da meia maratona de Lisboa, que volta a “juntar alguns dos melhores atletas do mundo, tanto masculinos, como femininos, tentando bater, mais uma vez, o recorde da prova, que é do mundo”, no caso dos homens.

O ugandês Jacob Kiplimo estabeleceu em Lisboa o atual máximo mundial - de 57.31 minutos -, em 2021, recuperando para a corrida da capital portuguesa um recorde que já lhe tinha pertencido, enquanto o recorde feminino (1:02.52 horas) foi alcançado pela etíope Letesenbet Gidey, em Valência (Espanha), no mesmo ano.

“Não será fácil, mas, atendendo à qualidade dos atletas de elite presentes, essa possibilidade existe”, reforçou Carlos Móia, pensando, provavelmente, no queniano Rhonex Kipruto, detentor da terceira melhor marca de sempre, com 57.49 minutos, e recordista mundial dos 10 quilómetros.

Kipruto, de 23 anos, não se mostrou tão otimista, admitindo que um resultado “na ordem de 58 baixo [58 minutos e poucos segundos]” já seria positivo, mas reconhecendo que o seu ‘cartão de visita’ o coloca muito perto do máximo mundial.

“Se as condições climatéricas estiverem favoráveis e sentir que tenho condições de bater o recorde do mundo, naturalmente, vou tentar fazê-lo”, disse Kipruto, que, nesse caso, receberia um cheque de 50.000 euros, valor que a organização atribuiu à proeza.

Além de Kipruto, vencedor da meia maratona de Nova Iorque em 2022, a corrida lisboeta conta com mais sete atletas com melhores marcas pessoais abaixo de uma hora, destacando-se os etíopes Hagos Gebrhiwet (58.55) e Solomon Berihu (59.17) e o queniano Vincent Ngetich (59.09).

No setor feminino, sobressai a etíope Girmawit Gebrzihair, que tem como recorde pessoal o tempo de 1:04.14 horas, o quarto melhor da história, e deverá ter forte oposição por parte das quenianas Margaret Kipkemboi (1:05.26) e Catherine Reline (1:05.39), ambas abaixo do máximo da prova (1:06.06, da etíope Tsehay Gemechu).

Com objetivos mais modestos apresentar-se-á a portuguesa Dulce Félix, que estabeleceu em 2011 o recorde nacional da distância, precisamente na prova que atravessa a Ponte 25 de Abril, com a marca de 1:08.33 horas.

“Vou dar o meu melhor, mas não prometo grandes marcas”, atirou Dulce Félix, de 40 anos, lembrando que “já passou muito tempo” desde que fixou o atual máximo nacional, mas sem esconder que a corrida da capital portuguesa “é muito especial”.