Cândido Barbosa iniciou hoje “uma nova etapa” na sua vida, formalizando uma candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) baseada no “amor incondicional” à modalidade e que tem como objetivo “unir para conquistar”.

“Como já perceberam, esta é uma candidatura que agrega o passado e o presente do ciclismo em todas as suas vertentes. Uma candidatura lançada pelo amor incondicional ao ciclismo e pela vontade de elevarmos esta modalidade para os patamares que todos nós desejamos”, começou por dizer o antigo ciclista, um dos mais populares da história recente da modalidade em Portugal.

Visivelmente nervoso, e perante uma plateia repleta de rostos da ‘família’ do ciclismo português, sobretudo a de estrada, Cândido Barbosa ressalvou que prefere “vestir o fato de trabalho, estar no terreno e colocar mãos à obra”, antes de assumir que hoje é um “dia diferente e especial”, no qual inicia “uma nova etapa” na sua vida.

No auditório do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras, recordou a vida dedicada ao ciclismo, modalidade que lhe deu “quase tudo”. “Chegou a hora de retribuir e colocar ao serviço desta modalidade tudo aquilo que aprendi ao longo destes anos”, completou.

“Sei bem da importância e da exigência do cargo a que me candidato. É, aliás, uma enorme responsabilidade suceder a alguém como o Delmino Pereira, que tão bem conduziu os destinos do ciclismo português nestes últimos anos. Se, como espero, vencer estas eleições, estarei totalmente dedicado à federação”, prometeu, depois de já ter anunciado que iria vender no verão a sua empresa de organização de provas, de modo a que ninguém coloque em causa “a transparência deste processo” eleitoral.

Notando que a sua candidatura tem como único objetivo “unir para conquistar”, assumiu “o compromisso de liderar este projeto com ambição, determinação, paixão, integridade, transparência”, mas também com humildade, de modo a construir uma federação que seja “uma referência no desporto e em toda a comunidade” velocipédica.

“Queremos desenvolver o ciclismo de forma integrada e ambiciosa, olhando para todas as suas vertentes”, declarou, antes de enunciar os valores (“rigor, transparência, inovação, ambição e excelência”), os alicerces e as propostas da sua candidatura.

A ética desportiva, a defesa do ciclismo regional e o apoio à formação serão três áreas fundamentais no projeto do duas vezes vice-campeão da Volta a Portugal (2005 e 2007) e vencedor de 25 etapas na prova, que pretende ainda potenciar e reforçar parcerias, incentivar a prática do ciclismo em todas as vertentes, dignificar a carreira de corredores e dirigentes e promover um ciclismo cada vez mais inclusivo e diverso.

Barbosa detalhou as medidas que preconiza para cada área, propondo-se a reforçar e atualizar o código de ética no ciclismo, a reorganizar os calendários desportivos a fim de evitar sobreposições das várias vertentes, a planear um calendário a quatro anos com todos os técnicos das equipas dos convocados para as seleções, ou a criar um gabinete de apoio e uma linha direta para as associações regionais, que serão chamadas a participar nos processos de decisão da FPC.

Na aérea da formação, quer estimular a criação de academias de ciclismo em parceria com autarquias e clubes locais, apostar na internacionalização e apoiar financeiramente equipas de formação para a sua participação em competições internacionais.

No entanto, houve dois temas que mereceram particular atenção do antigo ciclista, de 49 anos: a Volta a Portugal e o doping.

“Para mim, este é um assunto sério […]. Cresci dentro desta Volta e tenha a preocupação que se mantenha cada vez mais forte”, afirmou, depois de revelar que pretende estudar os moldes em que será realizado o próximo contrato com a organização da prova ‘rainha’: “Será uma coisa que terá de estar em cima da mesa, porque falta um ano e meio ou dois para se revalidar”.

Barbosa entende que é preciso também reforçar a luta contra o doping, de modo a melhorar a imagem do ciclismo na sociedade.

“A nossa modalidade tem alguns casos de doping, mas provavelmente é a modalidade pioneira na luta contra o doping, a modalidade que mais testes faz por atleta […]. É preciso, de uma vez por todas, pegar neste tema e, sem medo, comunicar à sociedade que o doping existe em todo o desporto. Se calhar, torna-se mais apelativo no ciclismo, por ser uma modalidade mais dura. […]. O doping não pode ser um tema na nossa modalidade”, advogou.

Assim, o candidato à presidência da FPC quer educar os ciclistas sobre os perigos da dopagem, divulgar as informações sobre casos de doping e aplicar punições consistentes, trabalhar em conjunto com as agências antidopagem para compartilhar recursos e informações e garantir a revalidação do atual protocolo com a Autoridade Antidopagem de Portugal, que estende o passaporte biológico à totalidade dos corredores das equipas continentais.