
O ciclismo mundial volta a estar de luto. Samuele Privitera, jovem ciclista italiano de apenas 19 anos, morreu na quarta-feira na sequência de uma violenta queda durante a primeira etapa do Giro Val de Aosta, competição do escalão sub-23.
De acordo com a Federação Italiana de Ciclismo, o atleta da Hagen Berman Jayco caiu numa descida, a cerca de 32 quilómetros da meta. Terá passado por um buraco na estrada, perdeu o controlo da bicicleta e bateu com violência com a cabeça no chão, sofrendo um traumatismo craniano e uma paragem cardíaca. Apesar das tentativas de reanimação, o jovem não resistiu.
O falecimento de Privitera levou o comité organizador da corrida a cancelar a segunda etapa, prevista para quinta-feira em Passy. A prova será retomada esta sexta-feira, com a terceira etapa a começar com um minuto de silêncio e com os primeiros quilómetros neutralizados, em memória do ciclista italiano. Todas as cerimónias protocolares foram anuladas até ao final da prova. Cada equipa poderá decidir se continua ou não em competição.
O proprietário da equipa norte-americana, Axel Merckx, partilhou a notícia com profundo pesar: “Foi e sempre será a vida e a personalidade da nossa equipa. A sua alegria, o seu espírito, a sua bondade foram sempre uma luz. Não há palavras para exprimir esta perda devastadora. Estou profundamente agradecido por cada momento que passámos com ele.”
A Hagen Berman Jayco ainda não confirmou se continuará em prova, onde conta com os portugueses Gonçalo Tavares e Daniel Moreira, este último recém-coroado campeão nacional sub-23.
Um ano negro para o ciclismo
A morte de Samuele Privitera junta-se a uma série trágica de acidentes fatais no ciclismo internacional nos últimos meses. Em julho de 2024, o norueguês André Drege, de 25 anos (Coop-Repsol), morreu após uma queda na Volta à Áustria.
Menos de um ano antes, em setembro de 2024, a suíça Muriel Furrer faleceu no dia seguinte a uma queda nos Mundiais de estrada, na prova júnior de fundo. A ciclista era a segunda a perder a vida no ciclismo helvético em pouco mais de um ano, após a trágica morte de Gino Mäder, em junho de 2023, numa descida da Volta à Suíça.
Estas fatalidades têm reaberto o debate em torno das condições de segurança nas provas de estrada, com a UCI e os organizadores a tentarem aplicar medidas reforçadas, ainda assim insuficientes para travar este ciclo de tragédias.
Em Portugal, as memórias de Joaquim Agostinho (1984) e Bruno Neves (2008) continuam a ecoar sempre que o pelotão chora mais um dos seus.
Samuele Privitera deixa uma marca precoce de talento, e agora, um vazio profundo no mundo do ciclismo.
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