O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, afirmou que o caso Lance Armstrong teve «o maior impacto em outubro» e que por isso «esta confissão não é supreendente».
Em declarações ao SAPO Desporto, o dirigente, que está à frente da Federação desde outubro, lembra que «a modalidade já tomou as medidas adequadas há quatro anos, sendo a primeira a criar métodos avançados de deteção de doping» e que atualmente um caso como o do texano «era impossível de acontecer», podendo «acontecer um ano, mas não para sempre». Nestas situações estiveram o espanhol Alberto Contador e o belga Frank Schleck.
Não acreditanto na «liberalização assim tão fácil dos produtos» dopantes, um tema «complexo», já que «é uma questão de saúde pública e o atleta é antes de mais um cidadão», Delmino Pereira alerta para o facto de «muitas vezes, por interesses comerciais, as marcas descobrirem os produtos, mas depois não libertarem as fórmulas que permitem detetar esses produtos».
«É uma questão importante. E nos últimos 10 anos demorou-se demasiado tempo e deu neste problema gravíssimo», sublinhou. «A ciência vai descobrir sempre novos medicamentos para fins terapêuticos. Todos os dias surgem novos produtos. Muitas vezes são aproveitados pela medicina desportiva para favorecer os atletas. É importante quando se descobre um produto que pode ter esse efeito de melhorar o rendimento dos atletas, a própria ciência dizer: Este produto para ser detetado é desta forma que se deteta», acrescentou.
Tendo consciência que «o desporto é também espetáculo», o dirigente acredita que «se deve encontrar um equilibrio».
«Basta ver as vitórias das últimas provas e percebe-se que houve mudanças. Os campeões não são sempre os mesmos, há diferenças mínimas entre eles, as camisolas amarelas mudam de líder com frequência. O Alpe d'Huez subia-se há 10 anos em 38 minutos e agora sob-se em 42 minutos. As medidas estão a ter consequências».
Delmino Pereira conheceu Lance Armstrong em 1990, numa Volta a França do futuro. Ao ciclista norte-americano reconhece méritos, apesar de, depois deste escândalo, «afundar em desgosto todos os que gostam da modalidade».
«Era um atleta sobredotado, acima da média, com uma grande capacidade de trabalho, mas que conseguiu armar uma forma de preparação que apesar dos grandes esforços das instituições lutarem contra o doping, não foram capazes. Conheci-o em 1990, na Volta a França do Futuro, tinha 19 anos, já era um excelente corredor pela seleção dos Estados Unidos», concluiu.
Lance Armstrong admitiu em entrevista a Oprah Winfrey, transmitida esta madrugada, que se dopou.
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