O respeito do pelotão por Nelson Oliveira tornou-o hoje no “alvo a abater” na fuga da oitava etapa da Volta a Itália, na qual foi quarto classificado, com o ciclista português a assumir que vai continuar a tentar vencer.
“Foi uma etapa bastante dura, a fuga demorou muito a formar-se. Tentei várias vezes e finalmente conseguimos sair, um grupo de nove ciclistas. Todos estavam a olhar para mim, porque eu era o mais bem classificado e sabiam que eu estava bem, mas esqueceram-se de outros”, começou por descrever à Lusa o corredor da Movistar, depois de ser quarto na oitava etapa.
Oliveira, que na parte final dos 170 quilómetros entre Foggia e Guardia Sanframondi tentou, por várias vezes, distanciar-se dos seus companheiros de fuga, sem sucesso, reconheceu que os outros oito ciclistas pensavam que era “o alvo a abater”.
“E provavelmente era”, confirmou, notando que “é normal” que “já tenham algum receio” de si. “Não me deixavam nenhum metro. Tentei várias vezes antes e também não me deixavam ir…”, completou.
Em destaque na 104.ª edição da ‘corsa rosa’, na qual foi oitavo na quarta etapa e terceiro na geral no dia seguinte, ‘Nelsinho’ confessou que “sabia que se chegasse ao final em grupo, o homem da Cofidis seria o mais forte”, uma teoria confirmada na meta, com o triunfo de francês Victor Lafay, que acabou com um jejum de 11 anos da equipa francesa na prova italiana.
“É obvio que eles, provavelmente, já me têm algum respeito e estavam sempre a olhar para mim a ver o que eu fazia”, concedeu aquele que é um dos ‘gregários’ de luxo do pelotão internacional e uma peça fundamental na ‘engrenagem’ da Movistar.
Nos últimos 10 quilómetros da oitava tirada, a luta pela vitória na etapa ‘aqueceu’, com Nelson Oliveira muito envolvido a tentar ‘abafar’ ataques dos rivais.
Ele próprio ainda tentou uma aceleração, a 8,2 quilómetros da meta, mas quem acabou por sair foi o italiano Giovanni Carboni (Bardiani-CSF-Faizanè) e o belga Victor Campenaerts (Qhubeka ASSOS), além do francês Alexis Gougeard (AG2R Citroën), deixando o luso na perseguição.
Esse trabalho do português acabou por beneficiar Victor Lafay, que acabou por se isolar da perseguição, alcançar Carboni, já sozinho na frente, e depois adiantar-se a dois quilómetros da meta, para triunfar em 4:06.47 horas, e relegar Oliveira para a quarta posição, a 41 segundos.
Apesar das boas performances recentes, que incluem o segundo lugar final na Volta à Comunidade Valenciana – o melhor resultado de sempre numa prova por etapas - , o ciclista de Vilarinho do Bairro, de 32 anos, prefere não dizer que está na melhor forma da carreira.
“Mas as coisas estão a correr-me bem. Ainda temos bastante Giro pela frente, vamos ver o que a equipa pretende de mim amanhã [domingo], porque vai ser um novo dia duro, mais do que hoje. Espero eu que vá no pelotão, para ajudar o líder”, pontuou o melhor contrarrelogista português, prata na especialidade nos Jogos Europeus Minsk2019, e um dos principais candidatos a estar em Tóquio2020.
Ainda assim, Oliveira não esconde que “se mais para a frente houver oportunidade” de se “meter numa fuga, e tentar ganhar”, é obvio que gostará de o fazer, para poder somar uma etapa no Giro à que ganhou na Vuelta2015.
“Agora, ganhar não é fácil. Muitas vezes no ciclismo, perde-se mais do que se ganha. E ganhar hoje em dia é muito difícil”, salientou, em declarações à Lusa.
Nelson Oliveira ocupa o 33.º posto na classificação geral do Giro, a 11.02 minutos do ‘maglia rosa’, o húngaro Attila Valter (Groupama-FDJ).
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