A investigação sobre a existência de doping no ciclismo britânico, levada a cabo pela Agência Britânica Antidopagem, terminou hoje sem acusações formuladas, embora tenham sido expressas “preocupações” sobre uso do medicamento Fluimucil, um descongestionante das vias respiratórias.
O caso centrou-se no conteúdo de uma mala médica da Sky e da seleção britânica, enviada de uma instalação partilhada pelos dois organismos em Manchester e entregue a Bradley Wiggins, vencedor da Volta a França em 2012 e oito vezes medalhado olímpico, no Dauphiné Liberé de 2011.
Apesar de não ter produzido acusações, por ter sido “impossível confirmar ou refutar a possibilidade de a mala entregue à Sky conter Fluimucil” – descongestionante das vias respiratórias -, a agência britânica diz que a “falta de registos médicos” prejudicou a investigação e é “uma preocupação séria” sobre a federação.
A investigação poderá ser reaberta se surgirem novas provas, sendo que o processo afetou com mais veemência a carreira de Wiggins, que acabou por se retirar, e cuja reputação ficou afetada pelo caso.
“Este período tem sido um inferno na Terra para mim e a minha família, cheio de suposições e especulações. Pareceu nada menos do que uma caça às bruxas maliciosa”, afirmou o antigo ciclista, que refutou as acusações e acrescentou que o processo deveria ter culminado na proferição da sua inocência.
O inquérito parlamentar pretende produzir um relatório até final do mês, sendo que Damian Collins, chefe do comité, afirmou existirem “sérios e preocupantes problemas” no ciclismo britânico.
A falta de provas ou registos relacionados com a presença da substância, utilizada para limpar muco nasal, levou a que o inquérito não pudesse provas utilização indevida, ainda que a Sky tenha admitido que a substância estava na mala.
A Sky, criada em 2009 por Dave Brailsford, conseguiu resultados inéditos no ciclismo britânico, desde logo a primeira vitória no Tour, com Wiggins, e mais quatro desde então, com Chris Froome.
Brailsford trabalhava simultaneamente nos dois organismos até 2014, quando se afastou da federação.
“A relação entre os dois desenvolveu-se rapidamente e resultou num esbater das fronteiras entre um e outro”, disse hoje o chefe executivo da federação inglesa, Julie Harrington.
A Sky não mencionou o problema dos registos médicos, mas disse, em comunicado, que tem “cooperado completamente com a Agência Antidopagem no último ano”.
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