O diretor da Volta a Portugal, Joaquim Gomes, considerou hoje “fundamental para o ciclismo português” a presença da W52-FC Porto na 83.ª edição da prova, vincando que a equipa não está suspensa.
“Como organizador, era fundamental para o ciclismo português que a equipa pudesse estar na prova”, defendeu, antes de ressalvar: “Obviamente, tudo o que aconteceu é muito mau para a modalidade”.
Joaquim Gomes lembrou, à margem da apresentação da 83.ª Volta a Portugal, em Lisboa, que a equipa ‘azul e branca’ “não está suspensa”, apesar de oito dos seus 11 ciclistas terem sido suspensos preventivamente pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) no âmbito da operação ‘Prova Limpa’.
“A equipa do FC Porto é um dos grandes históricos da Volta e, de forma alguma, o seu abandono da Volta de forma conflituosa seria bom para o ciclismo. Mas, na realidade, a equipa não está suspensa, sei que os seus responsáveis estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para que sejam encontradas soluções para que a equipa se possa manter na Volta, obviamente sem os corredores e os técnicos que estão suspensos”, notou.
O diretor da Volta a Portugal, cuja 83.ª edição estará na estrada entre 04 e 15 de agosto e que conta com os ‘dragões’ entre as 19 formações inscritas, destacou que, “do ponto de vista regulamentar”, a W52-FC Porto “está autorizada a contratar alguns corredores e encontrar condições para participar”, uma vez que “o número mínimo de ciclistas” para a equipa alinhar são cinco.
“A minha opinião é que seria importante encontrar soluções - e elas vão ser muito difíceis – para que a W52-Porto possa estar na Volta a Portugal”, reforçou, defendendo que os ‘dragões’ foram “a equipa mais importante da Volta nos últimos anos”.
De acordo com Gomes, “neste momento [os responsáveis da W52-FC Porto] estão em contrarrelógio para encontrar soluções”, sendo a principal “contratar corredores estrangeiros que eventualmente se desvinculem das suas equipas”.
“É uma nesga de oportunidade que vão ter de aproveitar, se não definitivamente vamos ter de anunciar a não vinda da W52-FC Porto a esta Volta”, respondeu, referindo-se à reabertura das inscrições no panorama velocipédico em 01 de agosto.
Já o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) lamentou “imenso” que o caso em torno da W52-FC Porto aconteça “em cima da Volta a Portugal e do pico do ciclismo que se vive nesta altura”.
“Este momento é extraordinariamente complexo e não há dúvida que é um momento crítico, delicado, que requer de nós todo o cuidado, mas que nos preocupa essencialmente pelos danos que causa à modalidade e também à Volta a Portugal”, defendeu Delmino Pereira, estimando que “não há aqui soluções boas, nem sequer a solução ideal”.
O presidente da FPC vincou que o organismo ao qual preside não tem a “autoridade” para suspender a equipa, cabendo essa decisão “às autoridades que têm as tutelas disciplinares sobre o ciclismo e a dopagem”.
“Nós recebemos uma informação da ADoP dos oitos corredores que estão suspensos preventivamente, informação essa que comunicámos a todos os organizadores e à União Ciclista Internacional e que nos levou a suspender as licenças dos atletas. Esses atletas, ao dia de hoje, não poderão ir à volta a Portugal”, completou.
Oito ciclistas e dois elementos do ‘staff’ da W52-FC Porto foram suspensos preventivamente na sexta-feira passada pela ADoP no âmbito da operação ‘Prova Limpa’.
Os corredores, assim como os membros do ‘staff’, estão suspensos preventivamente durante 120 dias, um período que pode ser prolongado “dada a complexidade do processo”.
No sábado, a identidade de seis desses ciclistas foi conhecida quando os mesmos foram impedidos de alinhar na terceira etapa do Grande Prémio Douro Internacional, que acabou por ser conquistado por José Neves, o único representante da equipa que continuou em prova.
Foram afastados Ricardo Vilela e José Gonçalves, além de quatro antigos vencedores da Volta a Portugal: João Rodrigues (2019), Rui Vinhas (2016), Ricardo Mestre (2011) e Joni Brandão, que ‘herdou’ a vitória na edição de 2018 depois da desclassificação, por doping, do também ‘dragão’ Raúl Alarcón.
Além dos ciclistas que alinhavam no GP Douro Internacional, a W52-FC Porto conta ainda nas suas fileiras com Amaro Antunes, três vezes vencedor e bicampeão em título da Volta (2021, 2020 e 2017), Samuel Caldeira, Daniel Mestre e Jorge Magalhães.
No final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação ‘Prova Limpa’, a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.
“A operação policial, envolvendo um total de cerca de 120 elementos provenientes da Diretoria do Norte e ainda das Diretorias do Centro e do Sul, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga, Vila Real e Guarda, contou ainda com a colaboração da ADoP”, detalhou a PJ, em 24 de abril.
A estrutura W52, ligada ao FC Porto há seis épocas, venceu as últimas nove edições da Volta a Portugal, mas os triunfos do seu corredor espanhol Raúl Alarcón, em 2017 e 2018, foram-lhe retirados também por “uso de métodos e/ou substâncias proibidas”.
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