Era o principal favorito e não defraudou: o corredor da Efapel pedalou a uma média de 52,541 km/h para vestir, pela terceira vez na sua carreira, a primeira amarela da Volta, um objetivo “claro” para si e para a equipa, que ainda teve como ‘bónus’ uma má prestação do campeão em título Amaro Antunes (W52-FC Porto), apenas 67.º, a 37 segundos do vencedor.
“Fui contratado para vencer este prólogo, fico muito feliz por o ter conseguido hoje e amanhã [quinta-feira] passar em casa com a camisola amarela. É especial. Já é a terceira vez que visto a amarela num prólogo na Volta e agora vamos tentar mantê-la o máximo possível para tirarmos partido disto”, disse o ciclista de Palmela.
A Volta voltou hoje a ser a Volta, após uma edição pouco especial, marcada por um controlo sufocante e por um ambiente de tensão, justificados pela pandemia de covid-19, que retiraram brilho à prova. Hoje, houve público em grande número, camisolas do FC Porto, fotografias e mais fotografias e até abraços entre velhos conhecidos, num reencontro verdadeiramente alegre da corrida com os seus adeptos.
Samuel Caldeira foi o primeiro a sentar-se durante largos minutos na ‘cadeira quente’, reservada ao dono do melhor tempo, mas o ‘sprinter’ da W52-FC Porto, habitual ‘olheiro’ dos ‘dragões’ nos prólogos – é ele o responsável por ‘anotar’ mentalmente todos os detalhes do percurso -, cedo foi destronado por Diego López (Kern Pharma).
Seguir-se-iam Lluís Mas (Movistar) e Mauricio Moreira (Efapel), mas nenhum sobreviveu ao maior dos especialistas neste exercício, que já tinha sido o primeiro camisola amarela nas edições de 2016 e 2018.
O curto, explosivo e ‘simples’ prólogo de 5,4 quilómetros, com partida e chegada à Praça do Império, e um percurso a espreitar para o Tejo, convidada a médias recorde e o palmelense de 29 anos não facilitou.
‘Rafa’ pedalou como nunca (e como sempre), incentivado desde o carro pelo bom amigo Rúben Guerreiro e pelo selecionador nacional, José Poeira, e cortou a meta com um tempo supersónico de 6.10 minutos, que pulverizou o do seu companheiro Moreira, segundo a 11 segundos – Mas foi terceiro, à mesma distância.
A confiança na sua proeza era tanta que o corredor da Efapel saiu imediatamente da bicicleta, encostou-a um canto, tirou o capacete e rumou à cadeira destinada ao dono do melhor tempo, de onde não mais saiu.
Foi ali que Reis assistiu ao desfile de candidatos à geral e a resultados tão díspares como os de Gustavo Veloso (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), António Carvalho (Efapel) e Joni Brandão (W52-FC Porto), praticamente empatados em tempo - os dois primeiros a 20 segundos do vencedor e o terceiro a 21 -, ou de Amaro Antunes (W52-FC Porto), o grande ‘derrotado’ do primeiro dia.
O campeão em título perdeu 37 segundos na meta, fazendo pior até que ‘crónicos’ prejudicados na luta contra o cronómetro, como João Benta (Rádio Popular-Boavista) e Henrique Casimiro, que cederam menos cinco segundos, ou Frederico Figueiredo (55.º).
No final, o dia acabou por ser de Rafael Reis e da Efapel, que venceram o primeiro duelo com a W52-FC Porto, liderando também a classificação por equipas, com 30 segundos de vantagem sobre os ‘portistas’, que hoje receberam a visita de Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente do FC Porto.
Para ‘Rafa’, que hoje verá o Castelo de Palmela iluminado de amarelo em sua honra, esta vitória, a sua primeira no ‘crono’ esta temporada, ajuda também a esquecer a deceção sentida na Volta ao Algarve, quando perdeu o contrarrelógio apenas por três segundos para o dinamarquês Kasper Asgreen (Deceuninck-QuickStep), o vencedor da Volta a Flandres e sétimo classificado na especialidade nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
Na quinta-feira, vai passar à porta de casa de amarelo, durante a ligação de 175,8 quilómetros entre Torres Vedras e Setúbal, que inclui uma subida ao alto da Arrábida, classificada como de segunda categoria e situada a pouco mais de 13 quilómetros da meta.
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