Jonas Vingegaard partiu hoje para a penúltima etapa da Volta a França com a lembrança do ‘ocaso’ de Primoz Roglic no pensamento, mas conseguiu alcançar “a maior vitória no ciclismo” para alegria dos seus “irmãos” da Jumbo-Visma.
“[A vitória no Tour] significa tudo. É realmente incrível. É difícil para mim descrevê-lo em palavras. É a maior vitória no ciclismo. E nós conseguimos”, começou por dizer o emocionado camisola amarela.
O introvertido dinamarquês, sempre tão contido na euforia nas jornadas anteriores, assumiu finalmente que no domingo subirá ao pódio como vencedor da 109.ª Volta a França, um momento que partilhou hoje com as suas duas “miúdas”. “Tê-las na meta significa ainda mais para mim”, completou, antes de interromper o discurso para tentar conter as lágrimas.
Vingegaard assumiu que, desde o ano passado, quando foi segundo atrás do ainda bicampeão, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), sempre acreditou que podia conquistar o Tour.
“E agora aconteceu. É verdadeiramente incrível”, afirmou, dizendo sentir “ao mesmo tempo um alívio” e felicidade e orgulho.
O dinamarquês de 25 anos, que no domingo consumará o seu primeiro triunfo na geral de uma grande Volta, revelou que hoje, quando partiu para os 40,7 quilómetros entre Lacapelle-Marival e Rocamadour, tinha no pensamento aquilo que aconteceu a Primoz Roglic em 2020, quando o esloveno perdeu a amarela para Pogacar no contrarrelógio da penúltima etapa.
“Claro que acho que todos estávamos a pensar no que aconteceu há dois anos. Não diria que estava com medo disso, mas, pelo menos, estava nas nossas cabeças. Não queríamos que acontecesse novamente, por isso, só queríamos lutar hoje pelo melhor resultado possível na etapa”, explicou.
E Vingegaard esteve quase a vencer a 20.ª tirada, mas, quando percebeu que a amarela estava garantida, ‘levantou o pé’, permitindo que o seu companheiro Wout van Aert ganhasse o ‘crono’, com 19 segundos de vantagem.
“Toda a equipa foi incrível. Mostra quão próximos somos todos dentro da equipa. É o mais especial que temos aqui. Toda a gente fica tão contente pelos outros e eu também estou muito feliz por o Wout ter vencido hoje. Estes tipos são verdadeiramente meus amigos, irmãos diria”, enalteceu.
Num dia que é “muito especial” para a Jumbo-Visma, o líder do Tour quer agora festejar com os elementos da sua equipa, para poder “agradecer a todos, cada corredor, cada membro do ‘staff’”.
No domingo, Vingegaard vai também tornar-se no segundo ciclista dinamarquês a vencer a ‘Grande Boucle’, depois de Bjarne Riis, em 1996, mas, por não ler os media, diz desconhecer como estará o seu país a viver o seu feito, esperando que seja igualmente especial para os seus compatriotas.
Depois de desculpar-se por estar “sem palavras” na ‘flash-interview’, o camisola amarela foi mais expansivo na conferência de imprensa, confessando acreditar mais em si do que antes.
“Amadureci, cresci. Creio que tudo isso me ajudou a ganhar o Tour”, analisou, antes de aceitar o desafio de reeditar o duelo com Pogacar no próximo ano: “Temos uma boa relação, não nos encontramos fora das corridas, mas respeitamo-nos, é um grande tipo e um dos melhores ciclistas do mundo”.
Vingegaard sabe que ‘Pogi’ “quererá voltar a ganhar”, mas o mesmo acontece consigo.
“Estou orgulhoso daquilo que conseguimos, mas não me vou conformar. Quero ganhar mais. Não sei quantas vezes vou vencer [o Tour]. Não estabeleço objetivos de ganhar cinco [o recorde], mas sei que quero voltar a lutar pela vitória e imagino que o Tadej também, por isso, vamo-nos enfrentar novamente”, acrescentou.
O virtual vencedor da 109.ª Volta a França contou ainda que a quinta etapa, em que mudou três vezes de bicicleta depois de ter avariado, foi o seu momento mais complicado na prova.
“O dia do ‘pavé’ foi complicado. Saltou-me a corrente e tive vários momentos de pânico. Foi o único dia difícil. No resto, as coisas saíram tal como tínhamos planeado”, concluiu.
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