A 39.ª Volta ao Alentejo tornou-se hoje uma ‘questão’ venezuelana, após Leangel Linarez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) bater o compatriota Orluis Aular na luta pela terceira etapa, com o ciclista da Caja Rural a ter de ‘contentar-se’ com a amarela.

Quando cortaram a meta, lado a lado, em Ponte de Sor, com o tempo de 3:58.33 horas, foi impossível destrinçar qual dos dois tinha vencido – a incerteza era tanta que nenhum ergueu os braços, ‘reclamando’ o triunfo -, sendo necessário recorrer a uma demorada análise do ‘photo finish’ para perceber que o venezuelano da equipa portuguesa era o vencedor.

A notícia correu rápido e Linarez apressou-se a festejar com os seus colegas aquela que é a sua segunda vitória na temporada, após ter conquistado a Prova de Abertura.

“Tínhamos planeado isto desde que começou a etapa. Estou muito feliz com esta vitória, que é muito justa. Demorou um bocado a ser confirmada, mas acabaram por dar-me a etapa a mim. Pedalei até à linha, foi muito ‘apertado’ e bati um grande amigo, a quem quero felicitar pelo seu segundo lugar”, declarou o corredor de 24 anos.

Apesar de derrotado na meta, Orluis Aular valeu-se das bonificações para recuperar a camisola amarela, perdida na véspera para o basco Xabier Azparren (Euskaltel-Euskadi), agora segundo na geral, a três segundos do líder.

Antes da ‘dança de lugares’, motivada pelos segundos de bonificação distribuídos pelos três primeiros na etapa – e também nas metas volantes -, houve 176,7 quilómetros para percorrer desde Elvas, a cidade Património Mundial da Unesco que regressou ao percurso da ‘Alentejana’ 17 anos depois de ter marcado presença pela última vez.

O ‘valente’ Héctor Sáez, a cumprir a sua primeira temporada em território nacional, com as cores da Glassdrive-Q8-Anicolor, foi o primeiro a conseguir distanciar-se do pelotão, saltando para a frente de corrida, em solitário, ao quilómetro 39.

O espanhol, vencedor de uma etapa da Volta a Portugal em 2019, construiu uma diferença que chegou a ser superior a dois minutos, mas, ao quilómetro 84, ‘recebeu’ a companhia dos compatriotas Ángel Madrazo e Jesús Ezquerra, ambos da Burgos-BH, que contra-atacaram no pelotão.

O entendimento do trio foi insuficiente para a ‘aventura’ vingar, com os fugitivos a serem alcançados a pouco mais de 50 quilómetros da meta, por obra da Euskaltel-Euskadi, apostada em defender a liderança da geral de Xabier Azparren.

Alberto Gallego (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e Alexandre Montez (LA Alumínios-Credibom-MarcosCar) ainda tentaram a sua sorte, mas a discussão da terceira etapa haveria de ser feita em pelotão compacto, depois de uma queda a três quilómetros da meta ainda ter causado agitação no grupo.

Lançado o ‘sprint’, os dois venezuelanos foram claramente superiores a toda a concorrência, relegando Daniel Freitas e César Martingil, o duo de ‘sprinters’ da Rádio Popular-Paredes-Boavista, para as terceira e quarta posições, respetivamente.

Somadas as bonificações, Aular voltou a vestir-se de amarelo, algo que encheu de satisfação o vencedor da primeira etapa da 39.ª Volta ao Alentejo.

“Estou contente por ter recuperado a camisola. A equipa esteve fenomenal hoje, fizemos uma grande etapa. Não conseguimos a vitória da etapa, mas recuperámos a liderança”, congratulou-se.

O ciclista da Caja Rural, que tem oito segundos de vantagem para Linarez, terceiro, e nove para Tiago Machado (Rádio Popular-Paredes-Boavista), o melhor português, na quarta posição, já aponta ao curto e decisivo contrarrelógio de sábado, de 8,4 quilómetros, em Castelo de Vide.

“Temos a liderança e isso dá-me alguma vantagem para saber as referências dos restantes corredores. É um ‘crono’ bastante curto e técnico nas descidas. Amanhã [sábado], é dar tudo, porque é a etapa em que se vai decidir a corrida”, concluiu o camisola amarela.