Sepp Kuss regressou à sua versão ‘domestique’, mas rejeita excluir-se já da luta pela geral das grandes Voltas em que vai participar, numa temporada em que tem o tempo mais dividido entre “a vida real” e o ciclismo.

“É muito bom estar de regresso. É uma corrida da qual gosto, boa para começar a época”, começou por dizer à agência Lusa, nos bastidores da 51.ª Volta ao Algarve, na qual é um modesto 40.º classificado, à partida para a última etapa, depois de ter sido oitavo na geral no ano passado.

Ao observá-lo, nota-se que o élan de vencedor da Vuelta2023 já passou: os (muitos) jornalistas estrangeiros presentes na ‘Algarvia’ não o procuram, o assessor-sombra de Jonas Vingegaard e Wout van Aert nem se preocupa com as suas movimentações, e passa plenamente despercebido entre a multidão, ao contrário do que aconteceu na passada edição, quando era um dos ciclistas mais procurados pelos adeptos.

Provavelmente já poucos deles se lembrarão do movimento ‘GC Kuss’, que invadiu as redes sociais quando o afável norte-americano estava a ser atacado pelos companheiros Jonas Vingegaard e Primoz Roglic (agora na Red Bull-BORA-hansgrohe) enquanto liderava a prova espanhola.

A vitória na classificação geral (a tal ‘GC’) da Vuelta fez Kuss acreditar que podia ser mais do um gregário de luxo – o melhor de todos – no pelotão, mas 2024 comprovou que o ciclista da Visma-Lease a Bike está destinado a ser um ‘domestique’, ou não tivesse ganho apenas a Volta a Burgos e sido 14.º na defesa do cetro em Espanha.

“O Tour e a Vuelta serão os meus principais objetivos, como têm sido desde há muitos anos. Estou a construir a forma para essas corridas”, enumerou.

As perguntas sobre que estatuto terá nessas grandes Voltas parecem incomodar o Durango Kid (o miúdo de Durango, em tradução livre), que evita responder ao desafio.

“Veremos. Como em outras épocas, vou entrar nas corridas para fazer o meu melhor, tentar ajudar, mas nunca sabemos o que pode acontecer quando nos sentimos bem e temos o estado de forma ideal para essas corridas”, realçou.

Aos 30 anos, o norte-americano da Visma-Lease a Bike está também a viver uma nova fase na sua vida, depois de ter sido pai em outubro.

“Há sempre algo a acontecer que te mantém com os pés na terra. Ter um filho é sempre algo bonito, e uma nova fase entusiasmante da minha vida, com muitas coisas. É algo muito bom”, assumiu.

Ainda assim, para Kuss é difícil dizer se o nascimento de Martina mudou a sua perspetiva do ciclismo.

“É igual em muitos aspetos, mas tenho mais tempo dividido entre a vida real e o ciclismo”, explicou à Lusa.

Hoje, no contrarrelógio de 19,6 quilómetros entre Salir e o alto do Malhão, o norte-americano radicado em Andorra não será um dos favoritos, mas espera ver o companheiro Jonas Vingegaard conquistar o triunfo para a Visma-Lease a Bike.