O canoísta José Ramalho, seis vezes campeão da Europa de maratona, desistiu hoje na prova de K2 do mundial, assumindo que as energias ficaram "todas" sábado no Rio Cávado, a recuperar posições após os problemas com o caiaque.
"Sábado, gastei a energia de ontem, a de hoje e a dos próximos dias. Tudo gasto. Condenei o K2. Estávamos bem preparados, confiantes, mas não tinha qualquer tipo de hipóteses. Quando acordei, logo percebi que as forças não eram muitas. Vou precisar de uns bons dias de descanso", disse, à Lusa, após abandonar na segunda de oito voltas.
A dupla com Ricardo Carvalho ruiu cedo, tal como a de Alfredo Faria com Miguel Rodrigues, que abandonou na volta seguinte, face aos "problemas respiratórios" assumidos pelo primeiro.
"Ainda nos entusiasmos na primeira volta, tendo liderado o grupo. Às vezes, a inconsciência e a vontade falam mais alto. Na segunda, ‘bati' de frente e quando percebi que ainda faltavam tantas voltas, não havia muito a fazer. Ainda por cima, tinha os pés cortados e nem conseguia meter os dedos no chão. Já era sofrimento a mais", lamentou.
Sábado, Ramalho era dos principais favoritos ao inédito ouro, mas um rombo no casco em choque com rival argentino logo na primeira volta arruinou-lhe a prova, obrigando-o a duas paragens e a perder cerca de dois minutos, uns 500 metros.
De 27.º e com os rivais a desaparecer no horizonte, esteve 20 quilómetros a tentar recuperar e terminou em sexto, sendo que ainda se juntou ao grupo da frente a volta e meia do fim, mas já não teve energia para os definitivos ataques rivais - tirando as paragens, cumpriu a prova à média de 14,5 km/h, um acima dos vencedores.
"Há muitos anos que persigo este objetivo. O melhor de tudo foi a forma como este público me emocionou, incansável a torcer por mim. Vieram amigos de todo o país. Só tinha de fazer a minha parte, dando o que tinha e não tinha para justificar o seu orgulho", completou o bronze mundial em 2009, 2014 e 2016 e prata em 2012.
Apesar das quatro medalhas em mundiais, Ramalho é um "verdadeiro azarado" na principal prova internacional de maratona, onde "acidentes, incidentes e um sem número de detalhes" costumam "ensombrar" as suas provas.
"Nos mundiais, os ‘deuses' não costumam estar comigo, mas a vida é muito mais do que o desporto e não podia sentir-me uma pessoa com mais sorte na vida", concluiu.
Já Alfredo Faria pediu "desculpa" pela desistência, mas garantiu que "não conseguia respirar", estando mesmo para "desfalecer" na terceira portagem.
Portugal terminou os mundiais com uma medalha de ouro, conquistada sexta-feira por Sérgio Maciel em C1 sub-23
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