Miguel Vieira entrou na história como o primeiro judoca português em Jogos Paralímpicos, hoje é um dos seis atletas lusos que vão participar no Mundial, a disputar em Odivelas, e garante estar orgulhoso por já se 'falar no plural'.
“Hoje percebo que já não se fala só do Miguel, já se fala de outros judocas, para mim é um enorme orgulho perceber que os meus colegas estão motivados e empenhados em bons resultados”, admitiu Miguel Vieira à agência Lusa.
O judoca do Clube Judo Total será um dos seis representantes portugueses no Campeonato do Mundo para cegos e baixa visão, a maior prova do calendário da Internacional Blind Sports Federation (IBSA), que entre hoje e domingo vai juntar, em Odivelas, 280 atletas, de 43 países.
Ao único judoca paralímpico português, que compete na categoria -66kg, juntam-se Henrique Sousa (-60kg), Sérgio Mendes (-60kg), Magnos Nhanco (-66kg), Djibrilo Iafa (-73kg) e Ruben Gonçalves (-73kg).
Miguel Vieira garantiu que toda a equipa, liderada por Jerónimo Ferreira, tem expectativas elevadas, e lembrou que “uma prova como o Mundial tem um nível de responsabilidade acrescida, ainda mais por ser a primeira pontuável para o apuramento paralímpico Tóquio2020.
O judoca assinalou que a preparação foi “bastante boa” e destacou o facto de ter “havido inclusão e de a equipa ter estagiado com a seleção olímpica”.
No entanto, deixou um alerta: “Ainda faltam condições para que possamos responder da melhor maneira ao alto rendimento do judo paralímpico, mas a resposta será dada dentro do tapete!”.
Miguel, que em 2015 representou Portugal no Mundial, e juntamente com Henrique Sousa e Djibrilo Iafa participou no Europeu, também em Odivelas, garantiu que “caiu no judo para cegos de paraquedas”, depois de ter perdido a visão, de repente, aos 20 anos.
“Vim para Portugal numa tentativa de fazer tratamentos para recuperar a visão, acabei o 12.º ano e não consegui entrar na faculdade. Como queria estar ocupado procurei na internet sítios onde pudesse fazer judo, modalidade que pratiquei dos 14 aos 19 anos”, explicou.
Miguel Vieira queria “apenas” praticar a modalidade de forma não competitiva, mas acabou por chegar ao judo de alta competição.
Integrada no programa desde Seul1988, o judo paralímpico é praticado por deficientes visuais, divididos por categorias de peso e por três classes, de acordo com o grau de deficiência visual.
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