O jovem madeirense Tiago Berenguer sagrou-se este mês campeão nacional de badminton, aos 16 anos, e a ascensão meteórica do campeão europeu sub-15 prossegue com passos sustentados e o “sonho” de estar “ao mais alto nível” mundial.
Campeão continental sub-15 em 2022, Berenguer arranca sábado, em Ibiza, os Europeus de singulares e pares para sub-19 já de olho nas medalhas, fruto do nível que tem exibido e que já o fez ser líder do ranking europeu do seu escalão etário.
Agora, entre os sub-19, aponta a “um lugar no pódio”, diz à Lusa este ‘miúdo’ que desde sempre viveu “dentro e fora dos pavilhões”, a acompanhar o pai, Cosme Berenguer, seu treinador principal.
“[Foi] o primeiro contacto com a modalidade. Desde sempre andei dentro e fora dos pavilhões com ele, em treinos e torneios. A partir dos cinco, seis anos, comecei a levar o badminton mais a sério. (...) Foi a paixão que senti pela modalidade, gostei de como era jogada ao mais alto nível”, conta.
Esse olhar para o topo dos topos fazia-o “imaginar como seria um dia estar lá a jogar”, revela, e desde então que a sua cotação entre a elite europeia de jovens tem subido.
Prova disso é que, aos 16 anos, compete já neste Europeu sub-19, escalão em que terá nova oportunidade daqui a dois anos, e é o mais jovem campeão de Portugal de sempre.
“Foi incrível. O mais importante era divertir-me e aprender com os mais velhos. Mas vencer o torneio, e ser o mais jovem de sempre, foi um sonho tornado realidade”, afirma.
Nascido no Funchal em 2008, o atleta do CS Madeira olha já para além fronteiras, a começar por este Europeu, em que é oitavo cabeça de série, arrancando a participação ante o letão Leonardo Golovcenko, comprovando estar já entre os melhores de um escalão que tem atletas três anos mais velhos.
À Lusa, Fernando Silva, selecionador nacional e atleta olímpico em Barcelona1992, um de apenas seis do badminton português a participar em Jogos Olímpicos, não ‘corrige’ o pupilo.
“O Tiago é um atleta muito empenhado. Tudo o que ele faz é pela certa. É um atleta com os seus objetivos, como ser campeão do Mundo e europeu, como já foi [em sub-15]. O sonho dele é ir aos Jogos Olímpicos. Está num bom caminho”, analisa.
Para o técnico, este atleta “está a ser uma surpresa muito grande”, e tem uma evolução que “pode ser ainda muito maior”.
“Não me espanta porque conheço o Tiago e sei a maneira com que se empenha nos treinos, cria os seus próprios objetivos. Não esperava que fosse tão cedo. (...) Aqui no Europeu, tem como objetivo chegar à meia-final. Vamos ver o que pode acontecer. Como está focado, e com o que tem treinado, é possível chegar lá”, comenta.
A seguir, em dezembro, os Internacionais de Portugal sub-19, nas Caldas da Rainha, onde conquistou o torneio do escalão sub-17 há poucos dias. “Espero conseguir ganhar”, assume.
“No próximo ano, não tenho nenhum Europeu, apenas o Mundial, no final do ano. Ainda não levo ambições elevadas, porque terei outro Mundial em 2026. (...) Os meus maiores sonhos na modalidade vão acontecer em 2026, em que vou tentar ser campeão da Europa sub-19. Além disso, jogar os Jogos Olímpicos da Juventude Dakar2026, em que quero tentar lutar contra os melhores”, diz.
Nesse ano em que coloca grande parte das aspirações, e em que terá, ainda e apenas, 18 anos, avaliará se o seu nível “já é para a elite mundial”, como preconizou em menino. “Se notar que já tenho nível, pensarei [nos Jogos Olímpicos] de 2028 ou 2032, mas o meu foco, para já, está nos Jogos Olímpicos da Juventude”, atira.
Nesta vida próxima de um atleta de topo, fica “mesmo muito difícil conciliar a escola”. “Faltamos imensos, com muitos torneios, mas com esforço e dedicação nos estudos... já acabei o 10.º ano, e no quadro de excelência. Espero continuar assim”, remata uma das grandes promessas do badminton europeu.
Nos Europeus em Ibiza, que se seguem ao campeonato da Europa de seleções para este escalão, participam ainda Santiago Batalha, Mafalda Avelino, Maria Wilkinson, um quarteto que compete em singulares, além de Dinis Maia, Alexandre Bernardo e Isabella Wilkinson, nos torneios de pares.
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