O antigo piloto português Carlos Bica aplaude o regresso do Rali de Portugal aos troços da 'catedral' Arganil e a estreia dos WRC nos troços da região Centro.

Carlos Bica, natural da aldeia de Celavisa, no concelho de Arganil, foi o primeiro piloto a sagrar-se campeão nacional quatro vezes consecutivas, entre 1988 e 91, e mostrou-se entusiasmado pelo regresso da competição à 'catedral' dos ralis em Portugal.

"Os de Fafe gostam muito de dizer que a ‘catedral’ é lá, mas, nos ralis, a ‘catedral’ de Portugal é Arganil e sempre o foi, desde o tempo do Londres - México [o rali maratona que em 1970 ligou os continentes europeu e americano]. E eu, no estrangeiro, quando digo que sou de Arganil, toda a gente fala do rali", afirmou Carlos Bica, de 60 anos, em declarações à Lusa.

Carlos Bica assumiu a satisfação com o regresso do Rali de Portugal à zona centro: "Fiquei muito contente quando chegou a confirmação de que o rali volta a Arganil, foi muito bom o ACP [Automóvel Club de Portugal, organizador da prova], ter deslocado o rali um bocadinho mais para sul, onde tudo começou, onde as pessoas começaram a ficar fãs dos ralis e a poder recordar, pelo menos, o que se passava antigamente".

Bica começou por ser copiloto e chegou ao volante em 1980, dividindo, até 1992, a paixão pelos automóveis com a empresa familiar de construção. Viveu mais de 20 anos no Algarve e há quatro anos regressou à zona de Lisboa.

"Conheço muitas pessoas que me dizem que não vão ao rali há muitos anos e que desde que souberam que vai voltar a Arganil estão a organizar-se para ir, como antigamente", observou.

O Rali de Portugal ocupava os sonhos de Carlos Bica em criança, queria fazer pelo menos um acabou a fazer dez – terminou em segundo em 1986, ao volante do emblemático Lancia 037 e, em 1990, foi piloto semioficial da marca italiana. Para o antigo piloto, o regresso às classificativas de terra da zona Centro, os troços agendados para Arganil, Góis e Lousã na primeira etapa "serão novos" para todos os pilotos de topo do Mundial de ralis.

"Vai ser sempre bom porque vai ser novo para todos, dos pilotos do Mundial nenhum deve ter feito Arganil. É evidente que às vezes fazem testes, mas depois [na prova] é que se vê. Agora, também não é como no nosso tempo, que passávamos [nos troços] as vezes que quiséssemos a treinar, agora só podem passar duas vezes, uma a tirar notas e outra a confirmar. E em Arganil era preciso conhecer muito bem para se poder andar depressa, porque há coisas que parecem muito iguais e depois não são", avisou Carlos Bica.