Uma das lições aprendidas neste primeiro ano da pandemia foi a necessidade de as autonomias terem mais poder de decisão nas áreas sanitárias, de mobilidade e sobre as infraestruturas vitais, disse hoje o presidente do Governo da Madeira.
“Acho que também foi importante percebermos nesta pandemia a necessidade de termos maiores poderes de decisão no campo da política”, declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas, à margem de uma visita que efetuou a uma empresa de automação e manutenção industrial, no Funchal.
Questionado sobre as lições aprendidas neste primeiro ano da vivência da pandemia de covid-19, o presidente do Governo Regional acrescentou que veio demonstrar que a autonomia deve “facultar poderes de decisão na área sanitária, da mobilidade e infraestruturas vitais”.
“Estou a falar do aeroporto onde tivemos grandes dificuldades quando decidimos o encerramento”, sublinhou.
O governante madeirense enunciou, além desta, outras duas lições aprendidas, referindo que a pandemia evidenciou, “mais uma vez” aquela que é a “capacidade e responsabilidade” dos madeirenses que, “nos momentos críticos, tiveram um comportamento exemplar”.
“Acho que seguiram as orientações das autoridades de saúde e, graças a isso, não tivemos consequências mais graves”, salientou.
O chefe do executivo regional de coligação PSD/CDS-PP enfatizou ainda a importância da produção industrial e da agricultura.
“Foi algo que se aprendeu nesta pandemia a nível geral, a nível do mundo, a autossuficiência alimentar, industrial, porque a ideia de que não devíamos produzir e a agricultura é algo que não devíamos considerar, tudo isso está em revisão”, argumentou.
No seu entender, também “está em revisão a própria autonomia dos países e regiões a nível da produção de medicamentos e a nível da produção dos bens essenciais da convivência coletiva”.
Instado a pronunciar-se sobre a realização dos grandes eventos que decorrem na região nos meses de verão, como as festas populares (arraiais), o rali, entre outras, Miguel Albuquerque considerou que não poderão acontecer “por questões de saúde pública”.
Contudo, admitiu, poderá ser possível começarem a realizar-se a partir de setembro, altura em que está previsto a região “ter 70% da população vacinada, se se mantiver o ritmo de entrega de vacinas” e for “criada a imunidade de grupo”.
Nesse caso, adiantou, “nada impede que não se possam fazer eventos com ajuntamentos, sempre com regras, mas a ideia é reabrir, com o desfile da Flor em fins de setembro, princípio de outubro”.
O Governo Regional já anunciou o adiamento deste importante cartaz turístico, pelo segundo ano consecutivo, que tradicionalmente se realiza na primavera e indicou que a realização do Rali Vinho Madeira, a mais importante prova automobilista da região, que acontece em finais de julho, é uma decisão que “obriga a consultar as autoridades de Saúde do arquipélago”.
“Neste momento, a pandemia está instalada, não desapareceu”, afirmou Miguel Albuquerque, considerando que, nesta altura, são necessários “cuidados redobrados”, porque quando os números de casos de covid-19 começam a baixar “as pessoas acham que as coisas estão a melhorar e têm a tendência de aligeirar os comportamentos preventivos, o que é mau”.
De acordo com os últimos dados divulgados na segunda-feira pela Direção Regional de Saúde, a Madeira registou 38 novos casos de covid-19, todos de transmissão local, constituindo o registo mais baixo de novas infeções diárias desde 01 de janeiro.
A autoridade regional de saúde madeirense também indicou no boletim epidemiológico diário que mais 123 pessoas recuperaram da doença, estando notificados 1.181 casos ativos e outras 327 situações em estudo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.539.505 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.351 pessoas dos 804.956 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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