Carlos Amado da Silva já tinha adiantado, na quinta-feira, a intenção de fazer uma exposição à World Rugby (WR), a título pessoal, a defender a atribuição de cinco pontos, “por uma questão de princípio”, mas adiantou hoje que o próprio organismo a que preside vai mesmo avançar com uma contestação formal.

“Por um lado, a atribuição dos quatro pontos é meia vitória, porque não nos prejudica face à Roménia. Por outro lado, é uma derrota, porque favorece a Espanha, que teve a oportunidade de fazer nove pontos com a Rússia e nós não temos essa hipótese”, justificou Amado da Silva.

A Espanha já tinha disputado os dois encontros com a Rússia antes da suspensão daquele país, devido à invasão militar à Ucrânia, nos quais somou cinco pontos em Madrid e quatro em Sochi.

Portugal conquistou quatro pontos em Nizhny Novgorod, em 2021, e ficou impossibilitado de tentar somar também o ponto de bónus ofensivo no encontro em casa, uma vez que a World Rugby decidiu excluir a Rússia e atribuir quatro pontos às seleções que ainda teriam de enfrentar novamente os ‘ursos’.

“Não tivemos hipótese de fazer o ponto de bónus sem ter culpa nenhuma. Fomos prejudicados e por isso decidimos protestar formalmente”, insistiu Amado da Silva.

Questionado pela Lusa sobre a decisão da WR, antes de embarcar para Madrid, onde Portugal disputa, no domingo, um encontro decisivo na qualificação para o Mundial França 2023, também o selecionador Patrice Lagisquet admitiu que preferia ter tido a oportunidade de lutar pelos cinco pontos.

“Acabou por ser uma boa decisão para nós, porque nos mantém na luta pelo apuramento, mas preferíamos jogar e ganhar os cinco pontos. Mas penso que não vai mudar o resultado final”, comentou o técnico francês.

Após a exclusão da Rússia de todas as competições internacionais, a decisão da WR, de manter os resultados dos jogos já disputados e de atribuir uma vitória administrativa por 28-0 e quatro pontos de classificação às seleções que ainda tinham de enfrentar os ‘ursos’ veio ‘reorganizar’ as contas do apuramento para o Mundial.

A Geórgia, com 35 pontos, ficou automaticamente apurada, restando uma vaga direta para ser disputada por Espanha (25), Portugal (25) e Roménia (22).

Amado da Silva, que participou na reunião do quadro de diretores da Rugby Europe, que ratificou a decisão da WR, não votou por ser dirigente de uma das partes interessadas.

O dirigente revelou à Lusa que sugeriu, no entanto, “que se fizesse um torneio triangular entre as três seleções para decidir desportivamente” qual das três deveria qualificar-se diretamente para o França2023, mas a proposta “não foi considerada”.

O grupo de qualificação europeia para o Mundial resulta do agregado de resultados dos Europe Championship de 2021 e 2022, que apura diretamente os dois primeiros classificados e coloca o terceiro num torneio de repescagem mundial, a disputar em novembro.

A seleção portuguesa viaja hoje para Madrid, onde defronta a Espanha, no domingo, no seu último jogo de qualificação para o Mundial de França2023, mas mesmo em caso de vitória depende sempre de resultados de outras seleções para conseguir a qualificação direta.

Para conseguir o segundo lugar, Portugal tem de vencer em Madrid e esperar que a Roménia, no sábado, e os espanhóis, em 20 de março, percam com a Geórgia, líder do apuramento e já com a presença garantida no Campeonato do Mundo.

Se a Roménia vencer a Geórgia, no sábado, Portugal só pode aspirar, no máximo, ao terceiro lugar e à disputa do torneio de repescagem mundial.

Caso a Roménia e a Geórgia empatem no sábado, Portugal tem de acrescentar um ponto de bónus ofensivo ao eventual triunfo em Espanha, uma vez que, se não o fizer e se os romenos bonificarem na última jornada, frente aos Países Baixos, ambos terminariam com 29 pontos e a Roménia tem vantagem no confronto direto.