A portuguesa Maria Heitor foi hoje nomeada pela World Rugby para integrar o painel de árbitros assistentes no torneio das Seis Nações feminino, uma designação que a ‘juíza’ espera que possa “abrir portas” a nível internacional.
A árbitra portuguesa vai atuar no Irlanda-França, em 01 de abril, como segunda assistente de Hollie Davidson, escocesa que ficou na história da modalidade por liderar a primeira equipa de arbitragem integralmente feminina num jogo masculino de uma equipa do torneio das Seis Nações, o Portugal-Itália, em junho, no Restelo.
Depois, em 29 de abril, irá auxiliar a sul-africana Aimee Barrett-Theron no Inglaterra-França, que se disputa no Estádio de Twickenham, a ‘catedral’ do râguebi inglês.
“Fiquei surpreendida, mas claro que era um objetivo, pois sempre fui muito competitiva comigo mesma. É um orgulho, pois não é todos os dias que se recebe uma nomeação destas. Expectativas? Gostava que os dois jogos corressem bem para abrir portas no râguebi de 15 lá fora”, revelou Maria Heitor, em declarações à agência Lusa.
Esta será “a primeira vez que um árbitro português desempenha funções num torneio das Seis Nações” e a inspetora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) espera, então, que isso lhe venha a dar “mais hipóteses de arbitrar no Europe Champoionhip” feminino como árbitra principal.
Para já, está nomeada para o Espanha-Suécia desse escalão, “que é a I Divisão” do râguebi feminino europeu, mas “gostava muito de fazer um jogo internacional masculino”, agora que “já começam a dar algumas oportunidades às mulheres”.
Até porque, em Portugal, Maria Heitor apita “essencialmente na Divisão de Honra masculina”, onde, em maio, se tornou na primeira mulher a dirigir a final do principal escalão competitivo português.
Num patamar mais elevado, a antiga jogadora de Benfica e Sporting, de 34 anos, gostaria de ainda marcar presença num Mundial feminino, “nem que fosse como assistente”, o que não sabe se ainda será possível “devido à idade”.
Quanto a chegar a dirigir um jogo do torneio das Seis Nações feminino como árbitra principal, Maria Heitor “adoraria”, mas admite que esse é um cenário “um bocadinho complicado devido ao passaporte”.
“Às vezes o nosso passaporte condiciona-nos um bocadinho, mas o Seis Nações já começou a dar oportunidades a árbitros de fora desses países e esta nomeação é prova disso. Mas, antes de chegar a esse nível, ainda tenho de fazer mais jogos no ‘Championship’ feminino e alguns masculinos no ‘Conference’”, advertiu Maria Heitor.
Maria Heitor, de resto, tem um vasto currículo no râguebi feminino, onde contabiliza diversos títulos nacionais e internacionais, entre passagens por Agronomia, Benfica, Loulé, Lille (França) e Sporting.
Como jogadora, a atual árbitra conquistou cinco campeonatos nacionais de sevens, seis Taças de Portugal, cinco Supertaças, quatro campeonatos nacionais do principal escalão português (entre râguebi de 10, de 13 e de 15), duas Taças Ibéricas e um campeonato nacional de França.
O torneio das Seis Nações feminino joga-se entre 25 de março e 29 de abril e é disputado pelos mesmos países que o torneio masculino: Escócia, França, Inglaterra, Irlanda Itália e País de Gales.
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