
A recuperar de uma lesão ao tornozelo contraída no Guincho, em meados de dezembro, Frederico Morais espreita uma oportunidade para receber um wildcard (convite) para o MEO Rip Curl, em Peniche, 3.ª etapa do Championship Tour (CT), circuito de elite da Liga Mundial de Surf (World Surf League).
O sonho do surfista português, 33 anos, ex-CT, foi expresso no Forte São Miguel Arcanjo, à margem do TUDOR Nazaré Big Wave Challenge, etapa do campeonato de Ondas Grandes da WSL.
“Indo ou não, é sempre bom, pelo menos funciono muito assim, ter metas na cabeça, para, pelo menos, ter algum objetivo concreto para trabalhar, para nos dar alento, neste caso em momentos mais chatos, que são estes, de recuperação. Diria que Peniche é, sem dúvida alguma, uma meta e, se Deus quiser, consigo competir”, confessou em conversa com jornalistas.
A vontade de “Kikas” está à distância de um convite da Liga Mundial de Surf. Algo que não seria inédito. Aconteceu em 2023, 2015 (quando alcançou o melhor resultado, 5.º) e 2013, ano de estreia no circuito mundial. Em 2019, entrou como substituto.
“Não é segredo nenhum, quero voltar a requalificar-me (para o CT), sinto que ainda tenho capacidade para isso, e enquanto sentir isso, vou estar na luta”, reiterou o surfista da Linha crente na recuperação da lesão.
Um recuperação durante a qual dá graças por ter “um pai fisioterapeuta (Nuno Morais) que costuma fazer milagres”, sorriu. “O plano agora é recuperar a 100%, mas já com o objetivo de, caso haja uma chamada, ir a Peniche”, apontou.
“Faz agora nove ou 10 semanas que fui operado, já me sinto lindamente, consigo andar perfeitamente, faço a minha vida normal, já tenho luz verde para fazer tudo no ginásio, por isso está tudo muito bem encaminhado”, confessou.
Navega pela tormenta passada no pós-lesão. “Inicialmente, senti muita falta da minha independência, estava sentado no sofá, a minha mulher fazia-me o pequeno-almoço, o almoço, o jantar, trazia tudo. Nas primeiras semanas, até acho engraçado, estar ali, sentia-me meio rei”, gracejou. “Agora, conseguir ganhar essa independência outra vez, foi bom poder vir aqui, ver o campeonato e conviver com as pessoas”, confidenciou Frederico Morais ao pés do Farol.
Durante o tempo que esteve parado “não poder surfar foi o mais difícil”, assumiu. “Ainda para mais, parece que acontece sempre quando as ondas ficam boas, temos tido um inverno bom, bonito, repleto de ondas, mas, daqui a umas semanas, se Deus quiser, já posso estar na água”, suspirou.
O bichinho das ondas grandes que é viciante
A praia do Norte, onde assistiu à etapa única do circuito mundial de ondas grandes, evento de um dia só que colocou dois portugueses na água, António Laureano e Nicolau von Rupp, despertou em Kikas uma boa memória recente.
Em dezembro, poucos dias antes de sofrer a lesão à porta de casa, mais a norte, na Nazaré, puxado pelo jet-ski guiado por Nic von Rupp, enfrentou a força bruta da ondulação produzida pelo Canhão da Nazaré. “Foi uma experiência viciante, saí daqui com vontade de surfar mais e de fazer mais”, prometeu.
“Vim bem acompanhado”, num dia muito “parecido” com as condições apresentadas “hoje” na etapa TUDOR Nazaré Big Wave Challenge. “Diverti-me, gostei imenso, foi super agradável, adorei, e fiquei com o bichinho para trabalhar um bocadinho este lado das ondas grandes, sem dúvida”, assinalou.
Regressa ao tema da lesão. “Tinha metido este desafio da Nazaré na cabeça, o Nicolau tinha puxado por mim, e depois houve a parte da lesão que trava uma pessoa, é daquelas coisas que não estamos à espera”, sublinhou. “Mas de certa forma, às vezes, também faz bem uma pessoa parar e fazer um reset e começar de novo”, adiantou.
“Acho que, de certa forma, também me trouxe aqui outra vez esta paixão e este prazer pelo surf, que às vezes falta, quando uma pessoa está ali numa rotina mais cansativa. Mal posso esperar por voltar para dentro da água, voltar ao trabalho, voltar a experimentar pranchas e preparar o meu ano”, alinhou o surfista que vai tentar regressar à elite mundial através Challenger Series (CS), circuito regional europeu de qualificação para o Championship Tour 2026.
Para fim, Frederico Morais deixou uma palavra ao amigo Vasco Ribeiro, regressado de castigo de 3 anos (cumpriu dois) por falhar um controlo antidoping.
“Foi uma surpresa para mim, o Vasco continua um ótimo surfista e espero que mais do que resultados, que aproveite, desfrute e se divirta, que é o mais importante”, finalizou o surfista antes de acelerar até Carcavelos onde mais tarde, na Nova SBE, apresentou o filme no qual é protagonista, “PERFORMANCE 24”, uma apresentação antecedida por uma conversa mediada por Tomaz Morais e que juntou Tomás Appleton e António Félix da Costa.
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