Portugal vai acolher uma prova com a elite do surf mundial em setembro, apesar do cancelamento dos circuitos, hoje anunciados, que servirá de ‘contagem decrescente’ para a temporada de 2021.
“A grande novidade da prova especial, que terá o máximo de atletas do circuito mundial possível, mas que será realizada sem público, é que poderá decorrer algures em Portugal. Poderemos decidir o local em função das condições, sendo certo que o ‘triangulo dourado’ [Peniche, Ericeira e Nazaré] tem os locais privilegiados”, afirmou Francisco Spínola, responsável pela Liga Mundial de Surf (WSL) para Europa, África e Médio Oriente.
A WSL cancelou os circuitos de 2020, antecipando o início dos de 2021, promovendo cinco campeonatos, divididos por Estados Unidos, Europa e Austrália.
O ‘WSL Countdown’ prevê a disputa da Euro Cup, em França e Portugal, e do Australian Grand Slam, com campeonatos na Gold Coast e Magaret River, entre setembro e outubro, depois de uma prova inaugural na piscina de ondas artificiais, idealizada pelo norte-americano Kelly Slater, em Lemoore, na Califórnia, em agosto.
"Fico muito contente com o facto de ainda termos oportunidade de participar em alguns eventos este ano, mesmo que em formatos diferentes e sem pontuar. Poder ter um evento em casa, em setembro, num ano que foi dado quase como perdido é sempre um motivo de orgulho”, afirmou Frederico Morais, o único português no circuito mundial de surf.
‘Kikas’, que também já está qualificado para Tóquio2020, reconheceu o mérito da iniciativa e das alterações do formato competitivo do circuito mundial, com 10 etapas e a disputa do título nas WSL Finals, em dezembro de 2021, para os cinco primeiros, ainda em local a determinar.
“O objetivo é comum: um calendário que apresente as ondas com melhor qualidade nos diferentes cantos do mundo. A inserção de um novo evento que determine o campeão mundial pode ser bastante positiva, pois um surfista que apresente resultados sólidos ao longo dos eventos, passa a competir apenas com aqueles que o acompanham nas posições do ‘ranking’”, frisou o surfista natural de Cascais.
Francisco Spínola realçou o destaque que este evento vai ter, uma vez que "a WSL vai dar a mesma atenção do que a uma etapa do circuito mundial, numa altura em que os adeptos estão ansiosos por ver os melhores surfistas na água”, permitindo "promover uma série de ondas onde a prova poderá decorrer, além de Supertubos".
“Com as restrições globais às viagens, não conseguimos saber exatamente como vamos ter os surfistas para estes eventos especiais. No entanto, já temos a confirmação de alguns que vão estar na Europa, logo com permissão para vir para Portugal. Em setembro, talvez consigamos ter norte-americanos, brasileiros e australianos”, referiu.
Portugal acolhe campeonatos do circuito mundial desde 2009, em Peniche, que se mantém no calendário provisório para a edição de 2021, com a segunda etapa, a primeira e única na Europa, entre 18 e 28 de fevereiro.
Nas mais recentes edições da competição, que tem um custo abaixo dos dois milhões de euros (ME), a organização estimou que o impacto direto na economia rondasse os 15 ME e o retorno mediático pudesse ascender aos 45 ME.
“O surf é, desde 2012, um dos principais eixos da comunicação de Portugal enquanto destino turístico. É indiscutível que Portugal tem vindo a ganhar notoriedade nesta vertente, assumindo-se neste momento como o principal destino de surf da Europa e um dos melhores a nível mundial”, afirmou o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, concluindo que estas alterações são "uma mensagem de esperança aos surfistas de todo o mundo" que visitam o país.
Luís Araújo observou que, num “ano excecional, marcado por condicionantes inéditas”, a possibilidade da realização em Portugal de um evento como a Euro Cup transmite “confiança na continuidade do país no restrito grupo dos melhores destinos de surf do mundo”.
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