A novela que envolve a presença de Novak Djokovic em solo australiano para disputar, a partir da próxima semana, o Australian Open, conheceu esta quarta-feira mais um capítulo, com o tenista a reconher que foram cometidas falhas no preenchimento dos documentos para entrar na Austrália e que agiu mal ao dar uma entrevista a um jornalista quando já testara positivo à COVID-19.
Trata-se de mais um episódio numa história ainda longe de terminar, que se prolonga há já precisamente uma semana e que tem ainda muitas pontas soltas.
A exceção médica, o teste positivo e as datas
Djokovic só recebeu permissão por parte da Federação Australiana de Ténis e das Autoridades do Estado de Vitória para jogar em Melbourne, no Open da Austrália, depois de apresentar um documento que comprovava a existência de um teste positivo à COVID-19 a 16 de dezembro. Perante os respetivos painéis de médicos – ainda que não perante o governo australiano – tal documento permitia a Djokovic ter uma exceção médica e significava que o tenista sérvio não teria de fazer a quarantina obrigatória de 14 dias à chegada à Austrália.
Porém, segundo informações veiculadas pelo jornal alemão 'Der Spiegel', um primeiro scan ao QR Code do teste de Djokovic começou por ler 'Teste com resultado negativo' para, uma hora depois, ler 'Positive'.
Outras fontes noticiosas, entre elas o 'New York Times' e o 'Guardian', deram conta do mesmo journalist Ben Rothenberg – reported the same findings, with Rothenberg also posting a photo of the two different results. When the Guardian tried on Tuesday it returned universally positive results.
No dia seguinte, o 'Der Spiegel' voltava ao tema para apontar uma discrepância no selo com a data da versão digital do teste positivo de Djokovic, indicando que o mesmo poderia, afinal, ser de 26 de dezembro e não de 16.
E, quando questioando sobre o teste PCR de Djokovic, na segunda-feira, o seu irmão, Djordje, fez questão de sublinhar que todo o processo era público e que todos os documentos eram legais.
Presenças em público logo após 16 de dezembro
Partindo do princpío que esse teste positivo foi, então, mesmo feito à 1h da tarde de 16 de dezembro, porém, outras questões se levantam: Djokovic terá recebido oo resultado do mesmo sete horas mais tarde e, nessa data, a Sérvia impunha a quem testasse positivo à COVID-19 o auto-isolamento por 14 dias, sob pena de multa. Mas Djokovic esteve presente numa cerimónia de apresentação de um selo em sua honra em Belgrado, da qual deu nota no seu Twitter, e depois disso foram ainda publicadas fotos suas com 23 jovens jogadores da sua academia de ténis.
A 18 December, também o 'L’Équipe' publicava uma notícia onde mostrava uma foto a ilustrar a presença de Djokovic na cerimónia dos prémios 'Champion of Champions', em Belgrado.
Djokovic não abordou esses factos, e o seu irmão, Djordje, quando questionado em relação a essas presenças de Novak em público, durante a conferência de imprensa que deu ao lado do pai, na segunda-feira, também não quis abordar esses tópicos.
Discrepâncias também na Declaração de Viagem que apresentou antes de voar para a Austrália
Na declaração de viagem obrigatória que Djokovic teve de preencher antes do voo para a Austrália foi assinalada a resposta 'não' à pergunta: 'Viajou, ou vai viajar, nos 14 dias antes do seu voo para a Austrália?'.
Porém, Djokovic partiu para Melbourne desde Espanha a 4 de janeiro, tendo ao que se sabe passado o ano em Marbella. Uma publicação nas redes sociais, a 31 de dezembro, mostrava-o numa ação junto de crianças na Academia SotoTennis, em Cádiz, onde o tenista chegou mesmo a filmar uma mensagem.
Dado que outro, uma semana antes, em vésperas do natal, dava a entender que Djokovic estava nessa altura em Belgrado, fotografado ao lado de um jogador de andebol sérvio que até atua no Benfica, Petar Djordjic, tal significará que Djokovic esteve pelo menos na Sérvia e em Espanha nos 14 dias que antecederam a sua ida para terras australianas.
Djokovic revelou, na audição em tribunal, na passada segunda-feira, na qual recuperou o seu visto, que tinha autorizado o seu agente a preencher o dito formulário.
Se não tivesse ficado infetado, como seria?
Face às normas impostas pela Federação Austrialiana de Ténis e pelo Estado de Vitória, e com Djokovic não vacinado, o sérvio (campeão em título e nove vezes vencedor do Australian Open), parecia destinado a não pdoer defender o título.
A infeção com COVID-19 a 16 de dezembro permitiu-lhe, então, satisfazer os critérios para a tal exceção médica, ainda que não aceites pelas autoridades australianas. No ar fica a dúvida de se perceber se Djokovic abdicaria mesmo da possibilidade de chegar já na Austrália ao recorde de 22 títulos do Grand Slam.
E agora, o que se segue?
Djokovic treinou nos dois últimos dias em solo australiano, enquanto aguarda que o ministro da emigração local, Alex Hawke, decide se lhe retira ou não o visto pela segunda vez, possibildade que tem em mãos. Uma decisão não será tomada antes de quinta-feira.
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