João Sousa quebrou barreiras e é uma inspiração para gerações do ténis nacional, segundo reconhecem alguns contemporâneos e jovens delfins do vimaranense, que encerrou hoje a carreira profissional de singulares no Estoril Open, torneio que conquistou em 2018.
“O João marcou o ténis nacional como nenhum outro tenista. Venceu pela primeira vez um torneio ATP e isso permite a qualquer jovem tenista poder sonhar mais alto. Com a sua resiliência e capacidade de luta fez com que seja um exemplo de que é possível chegar ao topo quando se trabalha para isso”, destacou, em declarações à Lusa, Rui Machado, capitão da seleção nacional da Taça Davis.
O minhoto encerrou hoje, aos 35 anos, a sua carreira de singulares no Clube de Ténis do Estoril, perante a família, amigos e muitos fãs, ao fim de 17 anos em que conquistou quatro títulos ATP (Kuala Lumpur, em 2013, Valência, em 2015, Estoril Open, em 2018, e Pune, em 2022).
“O João, ao longo destes anos, tem vindo a mostrar que é possível. Que é possível batermo-nos contra os melhores do mundo, que é possível alcançar feitos que pensávamos ser muito improváveis, que, com raça e determinação, quase tudo é possível. Um grande profissional e amigo que o ténis me deu e que, com certeza, inspirou gerações”, lembra Gastão Elias, que perdeu o primeiro título nacional de sub-12 para o minhoto.
Além de defender que o vimaranense é “o maior nome do ténis português, que quebrou barreiras e atingiu coisas que mais ninguém conseguiu fazer”, o agora treinador Pedro Sousa faz questão de dar “os parabéns por tudo o que alcançou".
“Quanto a mim, foi uma honra partilhar com ele tantas semanas, seja na Taça Davis, seja em torneios, como ter jogado ao lado dele nos Jogos Olímpicos em Tóquio. E o meu último encontro da carreira, no meu clube [CIF, Club Internacional de Foot-Ball], foi contra ele, o que também foi sem dúvida muito especial”, reconheceu.
Já para as novas gerações, João Sousa é visto como um ídolo e alguém que abriu caminho para os mais jovens, como é o caso de Henrique Rocha, de 19 anos, recentemente campeão do 'challenger' de Múrcia e a disputar, pela segunda vez, um quadro principal do ATP, no Estoril Open.
“Foi sempre uma inspiração para mim e desbravou muitos caminhos para nós, uma nova geração, que tem um [Nuno] Borges que já começa a chegar a uma quarta ronda do Grand Slam. O João fez esse caminho e ajuda-nos a conseguir alcançar algo,” comenta Rocha.
O portuense confessou que o vimaranense “sempre foi a primeira pessoa para quem olhava” e o seu “primeiro ídolo”, que mais recentemente se tornou num “amigo”.
“Sempre foi uma inspiração para tentar alcançar o que ele conseguiu. Tem uma carreira brilhante, é incrível e acho que tudo o que fez pelo ténis nacional é um orgulho. Nos últimos anos, tem tentado passar-nos os seus conhecimentos e ajudar para tentarmos crescer um pouco no circuito. Ele, que está lá há tanto tempo, tem muita experiência e sabe o que nós precisamos para melhorar. É mesmo uma pessoa incrível, sempre foi um lutador enquanto jogador, tem uma cabeça e uma mentalidade incríveis e acho que foi isso que o fez chegar ao topo do ténis mundial”, acrescentou.
Uma vez encerrado este capítulo, tanto Rui Machado como Gastão Elias esperam que Sousa “continue ligado ao ténis e continue a influenciar pela positiva como tem feito até agora.”
“Vai fazer muita falta ao ténis português, mas espero que de outra forma, para além de ser profissional, continue a ajudar a modalidade a crescer”, remata o tenista da Lourinhã.
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